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Rapper Nic Madurox, no traço de Emmanuel Vidal; à direita, Maduro cumprimenta partidários | Reprodução; Jorge Silva/Reuters
Rapper Nic Madurox, no traço de Emmanuel Vidal; à direita, Maduro cumprimenta partidários| Foto: Reprodução; Jorge Silva/Reuters

Papa pede calma para venezuelanos

O papa Francisco pediu o fim da violência na Venezuela, que já causou a morte de pelo menos 16 pessoas, e fez um chamado aos políticos para que tomem a iniciativa de acalmar a nação, que vive sua maior turbulência em uma década. O sumo pontífice disse a dezenas de milhares de pessoas na Praça de São Pedro que estava "particularmente preocupado" com os acontecimentos recentes.

"Espero sinceramente que a violência e a hostilidade terminem tão logo quanto possível e que o povo venezuelano, a começar com as instituições e políticos responsáveis, atue para forjar a reconciliação nacional por meio do perdão mútuo e diálogo sincero", disse Francisco em sua audiência geral semanal. As discussões têm de ser baseadas na "verdade e justiça", acrescentou o pontífice, e ser capazes de enfrentar "questões concretas para o bem comum".

Contexto

A Venezuela está imersa em uma onda protestos desde o dia 12 de fevereiro, quando uma manifestação pacífica em Caracas terminou em atos de violência contra edifícios públicos e em mortes. Centenas de pessoas foram presas e dezenas devem responder acusações de agir com violência durante os protestos.

Imprensa

Maduro ameaçou expulsar jornalistas da rede americana CNN da Venezuela, mas mudou de ideia no domingo.

O presidente venezuelano, Nicolás Maduro, anunciou ontem a abertura de um diálogo nacional após semanas de protestos que deixaram ao menos 16 mortos, classificado como uma encenação pelo principal opositor, Henrique Capriles, que faltará ao evento.

INFOGRÁFICO: Seis cidades da Venezuela registraram mortes por causa dos embates

Enquanto camponeses governistas e mulheres opositoras se concentram para cruzar com suas manifestações uma Caracas em tensão, Capriles, em declarações por rádio, desqualificou o diálogo que contará com a presença de bispos e empresários convocados pelo presidente para ontem à tarde, antes do início de uma semana completa de dias festivos.

O governo "não tem a intenção de desarmar nada", declarou em relação às denúncias de grupos paramilitares governistas, e por isso ele não será "parte de uma encenação, o que queremos é avançar. (...) O governo fala de diálogo, fala de paz, mas não pode ser um apelo vazio. (...) Não se trata de ir ao Palácio de Miraflores e tirar uma foto", afirmou Capriles.

"Não nos prestamos para o que derivará em um simulacro de diálogo que desemboque em uma brincadeira com nossos compatriotas", disse em comunicado a Mesa de Unidade Democrática (MUD), da qual Capriles é líder.

A aliança opositora defendeu a necessidade de iniciar um diálogo para encontrar uma saída à escalada de violência que assola o país, mas ressaltou que as conversas não podem ser abordadas com "leviandade e improvisação".

Outras organizações, no entanto, confirmaram presença na chamada Confe­rência Nacional de Paz, como as lideranças episcopais e a Fedecámaras, principal sindicato patronal da Venezuela.

A Fedecámaras é um dos habituais demônios citados pelos governos chavistas, que o acusam de diversas tentativas de golpe nos últimos anos incluindo o fracassado golpe contra Chávez em 2002, no qual a organização esteve ativa e comprovadamente envolvida.

A cúpula da Igreja também gera reticências em um governo que, embora declamado socialista, evoca regularmente Deus e a Virgem.

A participação do episcopado foi precedida por um chamado do papa Francisco para "que parem o quanto antes com os episódios de violência e as hostilidades e que todo o povo venezuelano, começando pelas autoridades políticas e institucionais, se mobilizem para favorecer a reconciliação nacional".

Sátira na rede coloca chavista para cantar rap

A briga de Nicolás Maduro com a CNN na semana passada, quando o presidente venezuelano acusou a emissora americana de tevê de fazer "propaganda de guerra" de seu país, se transformou no rap "Vos no sos Venezuela" ("Você não é Venezuela").

A música é entoada pelo rapper Nic Madurox, uma caricatura animada do mandatário feita pelo jornal colombiano El Universal. No desenho de Emmanuel Vidal, Maduro aparece com boné para trás, luvas e brinco dourado na orelha.

O vídeo de Madurox virou hit nas redes sociais da Argentina e do Uruguai, entre outros países. No canal oficial do El Universal colombiano no YouTube, a gravação já tinha quase 73 mil visualizações na manhã de ontem.

O rap é feito em cima de uma mensagem de Maduro criticando a cobertura dos protestos na Venezuela feita pela CNN.

No vídeo, o presidente aparece andando na rua enquanto é filmado e confunde a palavra S.O.S, de socorro, pintada em um ônibus, com "sos", conjugação da 2ª pessoa do singular do verbo ser em espanhol, em alguns países hispano-americanos.

"Quando os âncoras da CNN virem isso ‘Sos Vene­zuela’ [Você é Venezuela], eu te diria: fascista! Você não é Venezuela, você é gringo, em sua mente, em sua maldade!", disse Maduro.

O venezuelano havia ameaçado expulsar os jornalistas da CNN do país, mas voltou atrás na decisão, segundo a emissora.

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