O presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, convocou hoje uma nova marcha "pela paz e contra o fascismo" para o sábado (15), depois das manifestações de quarta-feira que deixaram três mortos, e disse que seu país "não é a Ucrânia" ao se referir a um suposto plano para derrubar seu governo.
"Está sendo convocada uma grande marcha para todas as forças sociais e políticas da revolução bolivariana pela paz e contra o fascismo, portanto, eu me junto à convocação, no sábado todo o povo de Caracas, vamos fazer a passeata contra o fascismo, contra a violência, contra o golpismo", disse Maduro.
O presidente deu essas declarações durante uma reunião com seu gabinete ministerial que foi transmitida em rede nacional obrigatória de rádio e televisão, na qual afirmou que os incidentes de violência de ontem fazem parte de um plano de um grupo de oposição e o responsabilizou pelas mortes e pelos mais de 60 feridos.
Maduro comparou esse suposto plano que, segundo ele tem como fim derrubá-lo, com os recentes incidentes violentos na Ucrânia e que terminaram com a renúncia do governo de Mikola Azarov, o que ele garantiu que não vai acontecer na Venezuela.
"Na Ucrânia aconteceram eventos muito graves, a Venezuela não é a Ucrânia, nosso povo é outro povo, nossas Forças Armadas são outras Forças Armadas, a história é outra, aqui estamos fazendo uma revolução, com todo o respeito que temos pelo povo e governo da Ucrânia", disse.
Maduro comentou, no entanto, que "por trás dos movimentos ucranianos estão os mesmos grupos que financiam e treinam esta gente", que querem tirá-lo do governo, "organizações americanas que vivem de sua política imperialista de se infiltrar e controlar o mundo".
"Então agora eles dizem: 'a Venezuela é a Ucrânia', a loucura", declarou.
"Responsabilidade"
Além disso, pediu aos dirigentes opositores que "assumam sua responsabilidade por uma vez na vida, do fundo do coração, sem chantagens, com coragem", ao mesmo tempo em que assegurou que os responsáveis pela violência serão capturados "um por um" e que a justiça será feita.
"Temos esperança que vocês façam uma reflexão e uma retificação pública, uma autocrítica destes atalhos que sempre tomam", disse, após exibir fotografias de edifícios e veículos públicos que ficaram destruídos nos protestos.
No entanto, Maduro afirmou que se os líderes da oposição querem democracia, diálogo e convivência são "bem-vindos".
Reação internacional
A Alta Representante da União Europeia (UE) para a Política Externa, Catherine Ashton, expressou hoje sua preocupação pela situação da Venezuela e pediu às partes que desenvolvam um "diálogo pacífico".
Ashton ressaltou que a "liberdade de expressão e o direito à participação em manifestações pacíficas são essenciais", segundo indicou seu porta-voz mediante um comunicado.
O Departamento de Estado dos EUA realizou pedido semelhante, para que respeite as liberdades de reunião e expressão.
"Esperamos que as partes evitem a violência e resolvam suas diferenças através do diálogo. Pedimos ao governo da Venezuela que respeite os direitos humanos de seu povo", afirmou um funcionário, não identificado.
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