O ditador da Venezuela Nicolás Maduro propôs nesta segunda-feira (20) adiantar as eleições para a Assembleia Nacional, atualmente ocupada por parlamentares antichavistas e liderada por Juan Guaidó, reconhecido como presidente interino da Venezuela por mais de 50 países. O parlamento teve seus poderes retirados pelo Tribunal Supremo de Justiça em 2017 e suas eleições estariam originalmente previstas para 2020.
A declaração foi feita durante ato no Palácio de Miraflores, a sede da presidência em Caracas, em comemoração ao aniversário de um ano da eleição de Maduro, considerada fraudulenta por grande parte da comunidade internacional.
"Às oposições, vamos nos medir eleitoralmente. Vamos fazer eleições, vamos legitimar a única instituição que não foi legitimada nos últimos cinco anos, vamos a eleições antecipadas da Assembleia Nacional para saber quem tem votos. Eleições já!", desafiou Maduro. "Quem vai ganhar? O povo chavista, cristão e revolucionário".
Pelo Twitter, a equipe de comunicação da presidência interina de Juan Guaidó reagiu: "É sério que o usurpador se atreve a por na boca a palavra 'eleições', depois que a sua ditadura e o CNE [Conselho Nacional Eleitoral] decidiram retirar do povo [do estado] de Amazonas o direito de ser representado até hoje? Que se encerre a usurpação em Miraflores e no CNE!".
Guaidó considerou a eleição proposta por Maduro uma "farsa". "Uma nova farsa só agravaria ainda mais a nossa crise. Apenas com o fim da usurpação e com árbitro transparente é que haverá eleição livre", afirmou.
Sobre as negociações na Noruega entre representantes do regime chavista e da oposição, Maduro falou que "crê no diálogo". "Estamos falando com o diabo, pela prosperidade da Venezuela, vamos falar com o diabo", disse sobre a oposição, segundo a imprensa venezuelana.
O representante diplomático do governo interino de Guaidó nos Estados Unidos, Carlos Vecchio, se reuniu nesta segunda-feira com o Departamento de Defesa dos EUA e com o enviado especial americano para a Venezuela, Eliott Abrams. Vecchio afirmou que na reunião foram discutidos "todos os aspectos da crise da Venezuela".
Assembleia Constituinte fica por mais tempo
Pouco antes do discurso de Maduro, a Assembleia Nacional Constituinte (ANC), o parlamento pró-Maduro, aprovou por unanimidade a extensão do seu período de funcionamento por mais um ano e meio, até 31 de dezembro de 2020. O presidente da ANC e número dois do chavismo, Diosdado Cabello, disse que as atividades seriam estendidas "para continuar cumprindo as tarefas encomendadas pelo presidente Nicolás Maduro".
A ANC, composta por cerca de 545 oficialistas, funciona desde agosto de 2017 e deveria encerrar as atividades em agosto deste ano. A comunidade internacional a considera ilegítima desde a sua convocatória.
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