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O ditador da Venezuela, Nicolás Maduro, disse nesta quarta-feira (8) que entre os sete estrangeiros detidos nas últimas horas no país, que ele chamou de “mercenários”, há um funcionário do FBI e um militar americano, além de dois “assassinos colombianos”.
De acordo com Maduro, o grupo seria parte de uma “agressão” estrangeira “financiada pelo governo dos Estados Unidos em fim de mandato", em referência à administração do presidente Joe Biden, que deixará o poder no próximo dia 20, quando Donald Trump tomará posse como novo chefe do governo americano.
Em uma reunião com a recém-eleita mesa diretora do Parlamento venezuelano, Maduro reiterou que 125 pessoas de 25 nacionalidades foram capturadas no país, e as vinculou a planos de ataque à Venezuela.
Entre elas, segundo Maduro, estão três ucranianos que ele afirmou que “vêm da guerra (contra a Rússia)”, além de dois americanos, sendo “um funcionário de alto escalão do FBI e um militar sênior”.
Ele também disse que “dois assassinos colombianos foram presos em dois lugares diferentes” e “confessaram o que vieram fazer”.
“Durante o dia de terça e na madrugada desta quarta, as prisões continuaram, porque uma corrente leva a outra, uma informação leva a outra. Há boas informações para desmantelar o que estamos desmantelando, uma agressão mercenária estrangeira financiada pelo governo dos Estados Unidos em fim de mandato ”, alegou o líder chavista.
As prisões ocorreram em um contexto de crise que começou após as eleições presidenciais de julho do ano passado, que segundo o Conselho Nacional Eleitoral (CNE) foram vencidas por Maduro, apesar de o órgão não ter revelado - como deveria, pelo regulamento - os resultados detalhados da votação.
Por sua vez, a maior coalizão de oposição publicou na internet o que alega ser 85,18% das atas de votação que mostrariam a vitória de seu candidato, Edmundo González Urrutia, alegando que foram compiladas por membros de seções eleitorais e testemunhas no dia do pleito, embora o regime afirme que elas são falsas.
Na próxima sexta-feira (10), data marcada para a posse presidencial, tanto Maduro quanto González Urrutia - que está exilado desde setembro na Espanha por sofrer perseguição política e judicial na Venezuela - insistem que assumirão o poder.
Panamá tem custódia de “todas as atas” que dariam vitória a González
Ainda nesta quarta-feira (8), o Panamá recebeu “todas as atas” das eleições presidenciais de 28 de julho de 2024 na Venezuela que provariam a vitória do líder opositor Edmundo González Urrutia sobre o ditador Maduro, que foi declarado reeleito pelo órgão eleitoral venezuelano.
“Estamos assinando o ato de entrega das atas oficiais de 28 de julho”, declarou González ao assinar um documento cercado pelas atas durante um evento com ministros das Relações Exteriores e ex-presidentes latino-americanos na Cidade do Panamá.
“TODAS AS ATAS ficarão sob a custódia do Governo do Panamá nos cofres de seu Banco Nacional, até que façam sua viagem de volta à Venezuela, muito em breve. Hoje se estabelece um vínculo histórico indelével entre os povos de Panamá e Venezuela. GLÓRIA AO BRAVO POVO!”, declarou a líder opositora Maria Corina Machado em sua conta na rede social X.
González Urrutia visitou o Panamá como parte de uma viagem internacional antes do dia 10 de janeiro, quando Maduro assumirá o cargo por mais um mandato consecutivo em meio a alegações de fraude nas eleições.
O líder opositor declarou que estará na Venezuela para assumir o mandato, apesar de um mandado de prisão do Ministério Público e de uma recompensa para quem informar seu paradeiro.
González reuniu-se nesta quarta-feira com o presidente do Panamá, José Raúl Mulino, que lhe estendeu o “apoio moral e político” de seu governo, recebeu um prêmio do prefeito da Cidade do Panamá, Mayer Mizrachi, e deve se reunir com a comunidade venezuelana antes de seguir viagem para a República Dominicana.