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Centenas de pessoas protestaram contra a eleição de Nicolás Maduro na Venezuela e o presidente eleiot disse neste terça-feira (16) que há um plano para um golpe de estado no país | EFE / David Fernandez
Centenas de pessoas protestaram contra a eleição de Nicolás Maduro na Venezuela e o presidente eleiot disse neste terça-feira (16) que há um plano para um golpe de estado no país| Foto: EFE / David Fernandez

Presidente eleito proíbe protestos da oposição

O presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, informou nesta terça que não vai permitir que a marcha marcada para amanhã (quarta), em Caracas, seja realizada. O ato foi convocado pelo candidato derrotado por Maduro nas eleições de domingo, Henrique Capriles.

O líder da oposição pede que o Conselho Nacional Eleitoral (CNE) faça a recontagem de 100% dos votos. "Não vamos permitir que encham de morte o centro de Caracas", disse Maduro, em referência ao trajeto da manifestação que deveria se encerrar na sede do CNE, no centro da capital.

"Não se vai permitir a marcha ao centro de Caracas, não irei permiti-la. Vou ser firme contra o fascismo e contra os que atentem contra a democracia", disse Maduro durante um evento transmitido em cadeia nacional. O presidente também pediu que os meios de comunicação "definam com quem vão estar, com a pátria ou com o fascismo, chegou a hora das definições".

O presidente eleito de Venezuela, Nicolás Maduro, disse nesta terça-feira (16) que grupos de oposição planejam um golpe de Estado contra seu governo, após atos de violência na véspera que deixaram ao menos sete mortos e 61 feridos. "Isso é responsabilidade de quem incitou a violência, quem desacatou a Constituição e as instituições... seu plano é um golpe de Estado", disse Maduro, herdeiro político do ex-presidente Hugo Chávez, em cadeia de rádio e televisão.

No domingo (14), Maduro venceu as eleições presidenciais por estreita margem contra o candidato de oposição Henrique Capriles, mas o líder oposicionista cobrou uma recontagem total dos votos para reconhecer o resultado.

Maduro culpou ainda Capriles pelas mortes. "(Capriles) tem que responder perante a Constituição, perante a história e perante a lei, porque o senhor é responsável pelos mortos que hoje estamos velando", disse Maduro durante um ato de governo.

O líder opositor convocou na segunda um grande "panelaço" em protesto pela decisão do Conselho Nacional Eleitoral (CNE) de proclamar Maduro vencedor sem ter feito uma recontagem de todos os votos. "Posso dizer hoje que derrotamos o golpe de Estado, mas eles vão continuar tentando desestabilizar hoje (terça). Declaro derrotado o golpe de Estado com o povo e as Forças Armadas", declarou Maduro. "Irresponsáveis, eu os comparei com a época da Alemanha nazista e (...) talvez tenha sido leve, se vocês tivessem tido o poder, teriam feito uma caça às bruxas, assassinado o povo, mas não aconteceu assim, o povo foi sábio", acrescentou.

Maduro venceu as eleições por 272.865 votos de vantagem sobre Capriles nas eleições de domingo, com apoio de 50,78%, 1,83 ponto percentual a mais que Capriles, que obteve 48,95%.

País divido

Os dois lados envolvidos no impasse político venezuelano realizarão manifestações paralelas nesta terça-feira, depois de as autoridades eleitorais rejeitarem pedidos da oposição para uma recontagem de votos, e de confrontos entre manifestantes e a polícia em Caracas.

O líder oposicionista Henrique Capriles disse que a contagem de sua equipe mostra que ele venceu a eleição presidencial de domingo, e exigiu uma auditoria completa dos resultados oficiais, que deram vitória por estreita margem para o candidato governista Nicolás Maduro, que é o presidente interino do país.

O Conselho Nacional Eleitoral rejeitou a recontagem, e a polícia usou gás lacrimogêneo e balas de borracha, na segunda-feira, para dispersar partidários da oposição que protestavam em bairros ricos de Caracas.

A eleição foi convocada depois da morte do presidente socialista Hugo Chávez, em março, vítima de câncer. Meses antes de morrer, Chávez apontou Maduro como seu herdeiro político. Abertas as urnas, o candidato chavista teve 50,8 por cento dos votos, contra 49 por cento de Capriles.

Os dois lados convocaram seus partidários para manifestações pacíficas na terça-feira, gerando temores de mais turbulências políticas para o país.

"Convoco o povo para lutar pacificamente, para se mobilizar em todo o país... Já chega de abusos!", disse Maduro a jornalistas na segunda-feira, horas depois de ser oficialmente declarado vencedor. "Estão tentando violar a maioria... convocamos (a oposição) a respeitar a vontade popular."

Além dos confrontos em Caracas, que incluíram protestos em frente à sede do canal estatal VTV e da casa da presidente da comissão eleitoral, foram registrados protestos em várias cidades do interior.

Capriles, governador do Estado de Miranda, espera salientar a fraqueza do mandato de Maduro e alimentar a raiva da oposição com sua acusação de que o conselho eleitoral age de forma tendenciosa em favor do partido governista PSUV.

Mas a estratégia pode ter efeito adverso se as manifestações derem origem a distúrbios prolongados, como aqueles que a oposição comandou entre 2002 e 2004, e que em alguns casos incluíam o bloqueio de vias públicas por vários dias, com lixo e pneus em chamas.

O retorno a uma situação de turbulência prolongada nas ruas pode reavivar as dúvidas sobre as credenciais democráticas da oposição, justamente quando o antichavismo obteve seu melhor resultado numa eleição presidencial, e quando Capriles se consolida como seu líder.

Mas Capriles diz que continuará lutando. "Não vamos ignorar a vontade do povo. Acreditamos que vencemos... queremos que esse problema seja resolvido pacificamente", disse o candidato a jornalistas. "Não há maioria aqui, há duas metades."

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