O ditador venezuelano, Nicolás Maduro, disse nesta terça-feira (20) que a pré-venda do petro, moeda virtual criada pelo regime, recebeu promessas de compras de US$ 735 milhões (R$ 2,38 bilhões) em seu primeiro dia.
Visto pelo chavismo como solução para conseguir financiamento internacional e driblar as sanções dos EUA, o ativo diferencia-se de criptomoedas, como o bitcoin, por ter lastro em um poço de petróleo e ser o primeiro a ser criado por um Estado.
Analistas, porém, duvidam do sucesso da moeda diante da grave crise econômica na Venezuela, em calote parcial da dívida pública e com inflação que superou 2.000% em 2017, e ao risco de mudança das regras por Caracas.
"Já temos nas nossas mãos [as intenções de compra]. Foi um tremendo golpe", disse. "É apenas a criptonita que a Venezuela precisa para poder ter o código do Super-Homem contra os Estados Unidos imperialistas."
No entanto, o líder não deu detalhes dos supostos compradores, quantas unidades foram vendidas e por qual valor. O regime havia anunciado que um petro valeria um barril de petróleo pela cesta venezuelana —hoje, US$ 60.
Nesta primeira oferta, o regime disponibilizou 38,4 milhões dos 100 milhões de petros da oferta inicial. Caso tenha sido mantido o valor de face, teriam sido vendidas cerca de 12 milhões de unidades, ou 31% do total.
A pré-venda se estenderá até 19 de março. Nesta fase, o regime afirmou que só será possível comprar o petro em moeda estrangeira, praticamente inviabilizando a participação dos venezuelanos devido ao controle cambial.
Por outro lado, o anúncio foi acompanhado de decretos obrigando o uso do ativo virtual em parte das compras da petroleira estatal PDVSA e a aceitação dele em serviços que vão de postos de gasolina a passagens aéreas.
As demais unidades serão vendidas em fases separadas até 2019. Para a consultora Eurasia Group, o chavismo pode conseguir até US$ 2 bilhões (R$ 6,5 bilhões) com a moeda, mas há incertezas quanto à sua garantia.
O petro é baseado em um poço de petróleo da faixa do Orinoco ainda inexplorado. Também está sujeito às eleições dos EUA e a oposição disse que não honrará sua emissão por considerá-lo um título de venda de petróleo a futuro.