O presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, se reuniria ontem à noite com líderes da oposição, no início de conversas mediadas por chanceleres sul-americanos com o objetivo de encerrar os dois meses de distúrbios políticos que já mataram dezenas de pessoas.
Em mais um caso de violência relacionado à crise, autoridades declararam que um policial foi morto a tiros ontem na cidade de Barquisimeto, no oeste do país, enquanto dispersava uma manifestação, elevando para 40 o saldo oficial de mortos.
Alguns grupos da oposição, incluindo o partido do líder dos protestos e ex-prefeito Leopoldo López, atualmente preso, estão boicotando as conversas, já que dezenas de manifestantes continuam na prisão.
O encontro, mediado pelos chanceleres da Unasul, deveria começar às 21h30 (horário de Brasília) no palácio presidencial Miraflores, em Caracas, e seria transmitido ao vivo na tevê estatal. Os dois lados pediram à Igreja católica que comparesse como testemunha "de boa fé". O Vaticano confirmou sua disposição em mediar, mas não nomeou um enviado para as conversas.
"Miraflores irá tremer," disse o líder de oposição Henrique Capriles, que perdeu a eleição presidencial do ano passado para Maduro, que substituiu seu mentor Hugo Chávez.
"Diremos a verdade ao governo, para que o país possa abrir os olhos e vejamos se as coisas podem mudar", acrescentou Capriles, que é parte da delegação da coalizão oposicionista Mesa de União Democrática (MUD) nas conversas.
Opinião
Chavista poderia se inspirar em Roosevelt
Luís Alexandre Carta Winter, doutor em Direito e professor da PUCPR, da Unicuritiba e da FAMEC.
A responsabilidade que pesa sobre Maduro em promover o diálogo terá de ser redefinida por ele. Acusar seus opositores equivocadamente de fascistas em nada contribui para o diálogo.
A base para essa redefinição, por necessidade e sugestão, poderia estar amparada naquilo que ele mais condena: nos EUA e no discurso de Franklin Delano Roosevelt, do início dos anos 40, em que o ex-presidente americano redefine a democracia diante dos sistemas totalitários. É o discurso das Quatro Liberdades.
A primeira, e talvez mais importante, é a liberdade de o homem poder se expressar. Esta questão é básica porque dá roupagem para a democracia.
Significa, em outras palavras, que só posso vencer com a força de meus argumentos e não com a força pela força.
Também significa que cada um é responsável pelo que fala e pelo que escreve. É o "estado de direito" e não o "direito do Estado".
Compreender este fato seria a marca de um estadista de verdade.