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O presidente da Colômbia, Gustavo Petro, se encontrou pela primeira vez desde o início da sua gestão com o ditador da Venezuela, Nicolás Maduro.
A primeira reunião entre chefes de Estado dos dois países em sete anos ocorreu em Caracas nesta terça-feira (1º). Após o encontro, ambos afirmaram que pretendem trabalhar pela integração latino-americana e contra as mudanças climáticas, entre outras áreas.
As relações diplomáticas entre Colômbia e Venezuela, restabelecidas logo após a posse de Petro, no início de agosto, haviam sido rompidas em fevereiro de 2019 por ordem de Maduro depois que o presidente colombiano à época, Iván Duque, expressou apoio ao líder opositor Juan Guaidó, reconhecido como presidente venezuelano por Estados Unidos e Brasil.
Maduro afirmou nesta terça-feira que ele e Petro conversaram sobre relações econômicas, sobre uma abertura “total e segura” da fronteira entre Colômbia e Venezuela e sobre a Monómeros, empresa de fertilizantes com sede em Barranquilla que é de propriedade de uma estatal venezuelana, mas desde 2019 era administrada por diretores nomeados por Guaidó – em setembro, o governo Petro devolveu a gestão à ditadura venezuelana.
“Conversamos sobre questões multilaterais; sobre a volta da Venezuela à Comunidade Andina; sobre os passos para que se reconsidere um Sistema Interamericano de Direitos Humanos. Sobre o fortalecimento dos Estados americanos”, acrescentou o ditador.
Maduro disse que o primeiro contato foi “frutífero” e que Petro sempre seria “bem-vindo à pátria de [Simón] Bolívar”.
“Depois de vários anos, os presidentes colombiano e venezuelano voltam a se reunir e conversar. Para recomeçar um caminho que é difícil, mas que tem que ser percorrido. E isso começa pela reconstrução da fronteira. A fronteira está nas mãos das máfias, cuja cabeça é multinacional. Isso é a expressão de um fracasso que é a guerra às drogas”, disse Petro.
“Vamos reconstruir inclusive as relações que existiam na área de inteligência, para poder atingir não tanto os operários do narcotráfico, mas os donos do capital que são os que quase nunca são atingidos e que são perigosos para a estabilidade política”, afirmou o presidente colombiano.
Investigação em Haia
Nesta terça-feira, o procurador do Tribunal Penal Internacional (TPI), Karim Khan, apresentou à Câmara de Instrução I de Haia um pedido de autorização para retomada da investigação sobre crimes contra a humanidade praticados na Venezuela.
Khan justificou que os procedimentos judiciais e as reformas legais realizados pelo regime de Maduro para apurar e mitigar essas ocorrências “continuam sendo insuficientes ou ainda não tiveram qualquer impacto concreto em processos potencialmente relevantes”.