Panteão Nacional
Herdeiro quer mudar a Constituição para deixar líder ao lado de Bolívar
Folhapress
O presidente interino da Venezuela, Nicolás Maduro, anunciou em rede de rádio e televisão que pedirá ao Congresso uma emenda para poder enterrar o corpo de Hugo Chávez no panteão de Simón Bolívar, líder responsável pela independência do país.
Maduro afirmou que pedirá mudança na Constituição para garantir o enterro, que era cogitado pelos chavistas e pedido pelos aliados do presidente. A mudança deverá ser votada pela Assembleia Nacional hoje.
Com maioria no Legislativo, Maduro se mostrou confiante com a aprovação. "A medida será aprovada pelas forças progressistas e, de acordo com a Constituição, será convocada em 30 dias a emenda constitucional para levar o comandante ao Panteão Nacional", disse.
"Se alguém que, nesses 200 anos, tem o direito de ir ao Panteão Nacional, este é o comandante Hugo Chávez", disse.
O Panteão Nacional venezuelano é onde Bolívar e outros heróis nacionais estão sepultados e foi criado no início do século 20. A edificação passou por uma reforma que terminou em 2010 e incluiu um espaço chamado Mausoléu a Bolívar.
Segundo a Constituição da Venezuela, podem ser enterrados no local "venezuelanos e venezuelanas ilustres que tenham prestado serviços eminentes à República, depois de 25 anos de sua morte". Para que o corpo de Chávez vá ao local antes desse prazo, é necessária mudança na Constituição.
Fidel
O líder cubano Fidel Castro disse ontem que a morte do presidente da Venezuela, Hugo Chávez, foi a perda do "melhor amigo que o povo cubano teve em toda a sua história". Com a saúde frágil, Fidel não foi ao velório do aliado político.
Em suas reflexões semanais, o ex-presidente disse que a notícia foi um baque para ele e o país, mesmo sabendo do estado crítico de saúde do venezuelano. Fidel disse sentir orgulho de ter compartilhado "ideais de justiça social e de apoio aos mais explorados".
O sucessor escolhido pelo presidente Hugo Chávez, Nicolás Maduro, transformou ontem a sede da Comissão Eleitoral, em Caracas, em uma grande tribuna de campanha.
Maduro chegou ao local com milhares de apoiadores para registrar sua candidatura à eleição presidencial em 14 de abril.
A multidão acabou por impedir que o candidato da oposição, Henrique Capriles, chegasse à sede da Comissão para registrar sua candidatura dentro do prazo estipulado. Segundo os jornais venezuelanos, Capriles teria feito sua inscrição via internet e os demais requisitos serão preenchidos posteriormente pelo secretário executivo da coalizão de oposição, a Mesa de Unidade Democrática (MUD), Ramón Guillermo Aveledo.
O deputado do partido da social democracia, Ação Democrática, Edgar Zambrano, afirmou que a demora de mais de duas horas no registro da candidatura de Maduro, durante o qual milhares de pessoas se juntaram em frente da sede da Comissão Eleitoral no centro de Caracas, "forma parte da estrutura de abuso de poder que o governo vem mantendo durante 14 anos". Zambrano classificou o ato de "violação não apenas da lei eleitoral, mas também da falta de igualdade que deve prevalecer em um cenário eleitoral".
Em um país altamente polarizado durante os 14 anos da gestão de Hugo Chávez, o registro de dois candidatos não pode ser feito simultaneamente por temor de haver um choque entre os simpatizantes dos candidatos.
Após a inscrição, Maduro fez um discurso no qual apresentou sua equipe de campanha, encabeçada por Jorge Rodriguez e vários ministros em exercício no governo.
A campanha eleitoral só começará oficialmente em 2 de abril e terá dez dias de duração, mas os dois lados já estão atacando um ao outro e pedindo apoio dos venezuelanos que, pela primeira vez em 14 anos, participarão de uma eleição sem a presença de Chávez.
Maduro, 50 anos, pediu apoio de todos para chegar à presidência porque esta "é a vontade do comandante" e acusa Capriles de difamar o líder morto. Capriles, por sua vez, acusa Maduro, o presidente interino, de fazer política com o corpo de Chávez.
Enquanto isso, Caracas retorna ao ritmo normal, com a reabertura de escolas, empresas e órgãos públicos, além do pesado tráfego nas ruas.
Em represália, americanos expulsam dois diplomatas venezuelanos
O governo dos Estados Unidos expulsou ontem dois diplomatas venezuelanos que trabalhavam na embaixada em Washington. A medida ocorreu em represália à expulsão de dois americanos feita por Caracas na semana passada.
A expulsão venezuelana foi decretada pelo presidente interino, Nicolás Maduro, no dia 5, duas horas antes da morte de Hugo Chávez.
Segundo integrantes do Departamento de Estado consultados pelas agências de notícias, o governo de Barack Obama esperou a cerimônia principal de morte de Chávez e o fim do período de luto para ordenar a represália.