Informações divulgadas no último domingo (4) pelo jornal colombiano El Expediente apontam que o ditador da Venezuela, Nicolás Maduro, teria financiado a campanha presidencial vitoriosa de Gustavo Petro na Colômbia em 2022.
Segundo o jornal, o financiamento da campanha de Petro por Maduro ocorreu através do Clã Torres, um grupo liderado pelo empresário Euclides Torres, que tem influência na política colombiana e diversos contratos com empresas estatais na região de Barranquilla.
O El Expediente afirmou que Torres e seus irmãos, Camilo Torres e Dolcey Torres, este eleito para a Câmara colombiana em 2022, teriam entrado na campanha de Petro através de Armando Benedetti, que foi embaixador do governo de Petro na Venezuela recentemente.
Os Torres tinham uma relação de amizade antiga com Benedetti e teriam financiado a campanha de Petro desde o início, de acordo com uma fonte consultada pela Caracol Radio.
Armando Benedetti e a chefe do Gabinete Presidencial, Laura Sabino, foram afastados de seus cargos por Petro na semana passada após a revista Semana divulgar áudios em que o então embaixador afirmava que revelaria financiamentos irregulares na campanha do presidente.
Máximo Noriega, que foi coordenador político na campanha de Petro, falou na Caracol Radio sobre o papel dos Torres na campanha presidencial e negou que teriam intermediado a destinação de recursos.
"Mais especificamente, Camilo Torres e seu irmão, que é deputado na Câmara [Dolcey Torres], e Pedro Flórez [senador] desempenharam um papel muito dinâmico do ponto de vista político. Eles estavam lá nas grandes concentrações, vestidos de vermelho, apoiando a campanha de Gustavo. Do ponto de vista administrativo e financeiro, as informações que tenho são de que eles não participaram nem na entrega nem no recebimento [de dinheiro], porque não era o papel deles", afirmou Noriega, que insistiu que o gerenciamento de recursos era centralizado e que as representações regionais do grupo político de Petro não tinham autorização para aprovar ou negar dinheiro para a campanha.
O financiamento de Maduro
De acordo com o El Expediente, o regime de Maduro financiou a campanha de Petro através de uma espécie de lavagem de dinheiro, utilizando as empresas do Clã Torres.
O jornal afirmou que Armando Benedetti já teria informado isso à Drug Enforcement Administration (DEA), órgão do Departamento de Justiça dos Estados Unidos encarregado da repressão e controle de narcóticos, quando foi afastado por Petro.
De acordo com o El Expediente, Benedetti teria pedido proteção ao governo dos Estados Unidos. A DEA colocou Maduro em sua lista de procurados por envolvimento com o tráfico internacional de drogas.
O El Expediente apontou que o dinheiro mencionado por Benedetti nos áudios revelados pela Semana teria vindo diretamente do regime de Nicolás Maduro. Os recursos teriam sido enviados através dos irmãos Torres para apoiar diretamente a campanha do Pacto Histórico, coalizão de Petro.
Abertura de investigação
Na segunda-feira (5), o Conselho Nacional Eleitoral da Colômbia (CNE) abriu uma investigação para apurar supostas irregularidades no financiamento da campanha presidencial de Petro.
A investigação é baseada na denúncia de que Petro supostamente não teria relatado à comissão pagamentos feitos a observadores eleitorais da coalizão Pacto Histórico no primeiro turno das eleições.
De acordo com informações divulgadas pelo jornal La Silla Vacía, pelo menos mil observadores em oito regiões do país foram pagos pelo seu trabalho no primeiro turno. No entanto, esses pagamentos não foram registrados na autoridade eleitoral pela campanha do atual presidente colombiano, que era comandada por Ricardo Roa Barragán.
Em 30 de maio, o CNE emitiu uma ordem para coleta de provas dentro do processo administrativo que apura as supostas irregularidades no financiamento e apresentação de relatórios de receitas e despesas da campanha eleitoral de Petro.
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