O ditador da Venezuela, Nicolás Maduro, anunciou na quinta-feira (23) que investirá mais de US$ 55 milhões para a fabricação de uniformes militares e armas. Desse total, cerca de € 6,8 milhões, ou mais de US$ 7,6 milhões serão usados para a iniciar a linha de produção de uma submetralhadora venezuelana chamada "Caribe", que será usada pela Milícia e a Polícia Nacional Bolivariana.
"Essa submetralhadora pode ser uma arma de apoio para a Milícia Nacional Bolivariana, para a Polícia Nacional Bolivariana, para as polícias estaduais. Mas eu vejo a submetralhadora na mão da milícia no bairro, na rua", disse Maduro durante a Feira de Inovação, Ciência e Tecnologia das Forças Armadas, onde fez o anúncio, pouco antes do início das negociações na Noruega para encontrar uma saída pacífica para a situação venezuelana.
A Milícia Bolivariana é formada por voluntários civis que apoiam as forças armadas e defendem o regime de Nicolás Maduro.
Como é a submetralhadora venezuelana
A submetralhadora Caribe, que deve reforçar a repressão às manifestações que pedem pela saída de Maduro do poder, é uma arma de calibre 9x19 mm, com alcance efetivo de 200 metros, segundo a Companhia Anônima Venezuelana de Indústrias Militares (Cavim), que fabricará a arma. A Cavim havia apresentado um protótipo da arma no ano passado.
A Caribe é automática, ou seja, continua disparando enquanto o gatilho estiver pressionado. A capacidade dessa arma é de 1.200 tiros por minuto. Ela possui um sistema chamado "bullpup", uma configuração que permite que a arma seja mais compacta e, assim, ideal também para ser usada em espaços fechados. Com comprimento de 50 cm, a arma pesa 3.8 quilos com o carregador cheio.
A alegada velocidade de tiro da Caribe seria muito superior a outras submetralhadoras em uso, como a israelense Uzi. Segundo um especialista que falou ao site de notícias Infobae, uma cadência de tiros tão alta como a que a Caribe supostamente tem não é desejada pelos desenvolvedores de armas, por causa do imenso gasto de projéteis e a dificuldade de controlar a precisão com o modo automático. Se a Caribe realmente alcançar 1.200 tiros por minuto, ela teria um poder devastador em ambientes fechados.
Com essas características, a submetralhadora Caribe é uma arma para uso urbano, e será distribuída em uma região já afetada por crime organizado, grupos guerrilheiros e terroristas.
Desde janeiro, quando Juan Guaidó assumiu a presidência interina do país e teve a legitimidade reconhecida por mais de 50 países, as manifestações são constantes pelo país, assim como a repressão do regime contra os protestos.
O regime de Maduro usa suas forças armadas e coletivos paramilitares para amedrontar seus oponentes. O mais recente relatório da Anistia Internacional sobre crimes contra a humanidade cometidos na Venezuela, divulgado em 14 de maio, mostra que pelo menos 47 pessoas foram mortas por armas de fogo durante protestos apenas entre os dias 21 de 25 de janeiro.