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'Operação Michelle Bachelet"

Maduro manda “limpar” centro de tortura antes de visita de comissária da ONU

O Helicoide, presídio e sede do Serviço Bolivariano de Inteligência Nacional (Sebin)
O Helicoide, presídio e sede do Serviço Bolivariano de Inteligência Nacional (Sebin) (Foto: STR / AFP)

A alta comissária para os direitos humanos da Organização das Nações Unidas (ONU), Michelle Bachelet, começa nesta quarta-feira (19) uma visita à Venezuela para observar a grave crise do país. Antes da chegada de Bachelet, o ditador Nicolás Maduro ordenou uma "limpeza" no seu presídio político em Caracas, o Helicoide. Os presos políticos foram obrigados a gravar vídeos com depoimentos sobre como são bem tratados na prisão, segundo a imprensa local.

A jornalista venezuelana Sebastiana Barraez, correspondente do jornal Infobae em Caracas, deu detalhes sobre a operação que teve início na terça-feira (18) em preparação à chegada de Bachelet. Segundo ela, a chamada "Operação Bachelet" consistiu em uma força-tarefa de limpeza, pintura, água, fotos e vídeos dos detentos.

"Houve um número incomum de operativo médico para comprovar o estado de saúde dos pacientes. Levaram os detentos para fazer ligações pelos telefones públicos que existem dentro das instalações. Tudo isso foi gravado em vídeo. Eles foram levados ao ginásio para fazer exercícios enquanto tiravam fotografias. Fotos e vídeos de tudo para Michelle Bachelet."

"No Helicoide nunca há água; os detentos a compram através de cisternas. Ontem, por arte da magia de Bachelet, apareceu o líquido vital. A enfermaria, que é usada para relações conjugais, foi organizada de tal maneira que qualquer hospital sentiria inveja. Todos os detentos, mesmo aqueles que permanecem presos com um cartão de liberação, foram obrigados a ser gravados e a dizer que ali tudo funciona maravilhosamente e que o trato humano dispensado a eles é invejável", acrescentou a jornalista, que ainda pediu a Bachelet que compreenda que nenhum dos presos poderia falar em vídeo sobre o "inferno que vive quando sobre sua cabeça está sob a ameaça de continuar preso, de ser torturado, golpeado e até morto".

Bachelet faz uma visita de três dias ao país, com o objetivo de se informar sobre violações de direitos humanos. A Assembleia Nacional, presidida pelo presidente interino Juan Guaidó e de maioria opositora, solicitou que Bachelet ajudasse na liberação de presos políticos do regime de Maduro.

Segundo a organização não-governamental Foro Penal, pelo menos 715 pessoas estão presas por motivos políticos na Venezuela.

Na segunda-feira, dois dias antes da visita da comissária da ONU e ex-presidente do Chile, o regime chavista libertou o deputado opositor Gilber Caro e outros dois presos políticos.

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