O regime de Nicolás Maduro voltou a atacar nesta quarta-feira (16) a ex-aliada Luisa Ortega Díaz, procuradora-geral destituída pela Assembleia Constituinte, com a ordem de prisão domiciliar contra seu marido, o deputado Germán Ferrer.
A detenção foi determinada por Tarek William Saab, designado pela Casa para substituir a dissidente, que acolheu denúncia apresentada horas antes pelo número dois do chavismo, Diosdado Cabello, de uma suposta rede de extorsão e evasão de divisas. O dissidente chavista não foi preso até o momento.
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Segundo ele, promotores ligados a Ortega Díaz exigiam dinheiro de empresários para que eles não fossem alvo de uma investigação por corrupção em licitações da petroleira estatal PDVSA solicitada por Maduro em 2014.
Cabello afirma que a quadrilha liderada por Ferrer obteve US$ 6 milhões, depositados em uma conta nas Bahamas. Ele solicitou a Saab a prisão de seis pessoas e à Constituinte a retirada da imunidade do parlamentar.
O procurador, porém, ordenou a prisão sem que a cassação tivesse sido aprovada pela Constituinte. Horas depois, a casa de Ortega Díaz foi invadida por membros do Serviço Bolivariano de Inteligência, que apreendeu computadores e documentos.
Os casos teriam ocorrido em 2014. Questionado sobre o motivo pelo qual a rede de extorsão só foi revelada nesta quarta, Cabello alega que os empresários "só falaram agora porque sabem que a justiça será feita".
E negou que a denúncia seja uma retaliação à procuradora. "Isso não tem nada a ver com sua posição política. Se eu tivesse recebido essas denúncias seis meses atrás, também teria apresentado."
Para Ortega Díaz, a denúncia é uma vingança do regime por sua oposição. "Dessa forma é que o governo de Maduro e Cabello pretende acabar com nossa luta pela democracia e pela liberdade dos venezuelanos."
Após se opor à troca da Constituição, anunciada em maio, passou a denunciar a violência das forças de Maduro nos protestos e avançou com os processos ligados à corrupção nas licitações da construtora brasileira Odebrecht.
Opositores
Além de Ortega Díaz, o regime arremeteu contra a oposição ao confirmar que seus líderes serão investigados pela comissão da verdade da Constituinte criada para julgar "a violência política" nos 18 anos do chavismo.
O grupo, totalmente pró-regime, colocou como seus primeiros alvos o presidente da Assembleia Nacional, Julio Borges, seu vice, Freddy Guevara, o ex-presidenciável Henrique Capriles e o deputado Juan Requesens.
Todos foram acusados de incitação à violência nos protestos contra Maduro. Borges ainda será processado por crime contra o sistema econômico por pedir a bancos estrangeiros que parassem de comprar títulos venezuelanos.
A presidente da Constituinte e da comissão, Delcy Rodríguez, incluiu como evidências do crime imagens em que os opositores cumprimentam manifestantes que usam a tática 'black bloc' para enfrentar as forças de segurança.
"Durante mais de três meses a Venezuela esteve acostumada ao tipo de imagens em que um deputado da República dedicou-se a propiciar e promover os atos violentos com fins políticos."
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Também incluiu as cartas de Borges a investidores australianos e ao Goldman Sachs, que comprou ações da PDVSA, como evidências de que ele queria "afetar o sistema socioeconômico e financeiro venezuelano".
Ao citar as cifras da violência, Rodríguez diz que 29 pessoas foram queimadas por "parecerem chavistas", das quais nove morreram —na conta do Ministério Público e de ONGs só uma pessoa morreu queimada em um ato.
"Sabemos que a afetação do modelo de inclusão social, do modelo de igualdade, do modelo de direitos humanos procura justamente propiciar e gerar condições de violência na Venezuela."
A chavista ainda solicitou ao CNE (Conselho Nacional Eleitoral) a lista dos 226 candidatos a governador para vetar quem está envolvido na violência nos protestos, como foi prometido na semana passada pelo regime.
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