A vitória governista na maioria dos municípios venezuelanos após as eleições locais de domingo não foi suficiente para o presidente do país, Nicolás Maduro, dar uma trégua nas críticas a supostos opositores. Maduro propôs um boicote ao jornal "El Nacional", um dos maiores da Venezuela. O presidente acusa a publicação de mentir sobre os resultados do pleito municipal.

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O alvo do desagrado de Maduro foi a capa do "El Nacional", que, em sua cobertura sobre as eleições, afirmou que "a oposição avançou nas grandes cidades".

"A população da Venezuela deveria declarar um boicote contra o 'El Nacional' e não comprá-lo nunca mais... por castigo, castigo cidadão, por mentir - criticou Maduro durante um ato público no estado de Miranda, que é governado por seu rival, Henrique Capriles.

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Os chavistas conquistaram o maior número de prefeituras - 196 - e de votos - cerca de 49%. A oposição arrebatou o comando de apenas 53 cidades, mas, entre elas, estão os principais centros urbanos, de maior peso político no país, como Caracas, Maracaibo, Valencia e Barquisimeto.

Maduro tem realizado várias ofensivas contra os meios de comunicação. Nos últimos meses, criou um órgão estatal para fiscalizar a imprensa e incentivou a punição de publicações e jornalistas que atentassem contra a segurança nacional - sem estabelecer os critérios para essas sanções.

Em julho, o diretor do "El Nacional", Miguel Henrique Otero, teve suas contas bancárias pessoais congeladas por solicitação da Procuradoria Geral, que o investiga por um processo movido por um ex-prefeito. Um mês depois, um tribunal multou a publicação, além do jornal "Tal Cual", por terem difundido, em 2010, uma fotografia polêmica que mostra corpos empilhados no Instituto Médico Legal de Caracas. Os meios também foram proibidos de publicar imagens de conteúdo violento, armas, agressões físicas e cadáveres.

A repressão do governo tem sido cerco crescente à imprensa venezuelana. Nos primeiros meses do governo de Maduro, o canal Globovisión foi vendido a empresários locais, e o grupo de jornais da Cadena Capriles foi repassado à corporação inglesa Latam Media Group. Durante esse tempo, aumentaram os questionamentos, ameaças e processos contra os meios de comunicação, especialmente contra os grandes meios, que são dos poucos meios independentes que restam na Venezuela.

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