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O regime de Nicolás Maduro anunciou nesta segunda-feira (6) a ruptura das relações diplomáticas com o Paraguai, após o presidente do país, Santiago Peña, reconhecer Edmundo González Urrutia como vencedor das eleições presidenciais da Venezuela, que foram fraudadas pelo chavismo.
A decisão de romper relações com o Paraguai foi comunicada pelo chanceler do regime venezuelano, Yván Gil, que criticou duramente em nota o apoio de Peña à oposição venezuelana, classificando o ato como uma “prática fracassada” associada ao extinto Grupo de Lima, aliança formada em 2017 na capital do Peru, Lima, com o objetivo de buscar uma solução pacífica para a crise política, econômica e humanitária na Venezuela, que contou com a participação de Brasil, Argentina e do próprio Paraguai.
No comunicado oficial da chancelaria chavista, o regime de Maduro declarou que “a República Bolivariana da Venezuela rejeita categoricamente as declarações do presidente do Paraguai, Santiago Peña, quem, ignorando o direito internacional e o princípio de não intervenção, reincide em uma prática fracassada que lembra as fantasias políticas do extinto Grupo de Lima com sua ridícula aventura chamada [Juan] Guaidó [opositor reconhecido em 2017 como presidente interino da Venezuela]”.
A nota também acusa o governo paraguaio de subordinar sua política externa aos interesses de “potências estrangeiras”, além de destacar que “nenhuma fantasia instruída desde o fascismo internacional conseguirá dobrar a vontade de um povo firme na construção de seu próprio destino”.
A decisão de Caracas ocorreu logo após Peña anunciar, por meio de suas redes sociais, que havia mantido uma conversa por videoconferência com González, na qual reafirmou seu apoio ao líder opositor e a oposição venezuelana.
“Durante nossa conversa, analisamos a situação na Venezuela e concordamos sobre a importância de redirecionar o processo democrático no país. Também destacamos a necessidade de que a região se una para trabalhar pelo respeito absoluto à vontade popular e para evitar que regimes autoritários continuem vigentes. Reafirmei meu apoio à democracia e à vitória de González Urrutia como presidente, lembrando que análises internacionais independentes do processo eleitoral e da contagem de votos confirmaram sua ampla vitória nas eleições presidenciais de julho passado”, declarou Peña.
A ruptura marca um novo capítulo na conturbada relação entre Caracas e Assunção. Em 2019, durante o governo do ex-presidente Mario Abdo Benítez (2018-2023), o Paraguai havia cortado relações diplomáticas com Maduro, apoiando Juan Guaidó como presidente interino da Venezuela. Com a posse de Peña, em 2023, houve uma reaproximação inicial, que culminou no restabelecimento das relações diplomáticas entre os dois países.
No entanto, a decisão de Peña de reconhecer González, somada ao apoio declarado ao movimento opositor liderado na Venezuela por María Corina Machado, reacendeu a tensão com o regime chavista.
Na nota, o regime venezuelano anunciou que irá retirar imediatamente toda a sua equipe diplomática de Assunção. Segundo a chancelaria chavista, a medida é um exercício da “soberania nacional”.
Maduro, cada vez mais isolado internacionalmente, tem reiterado que tomará posse no dia 10 para iniciar oficialmente seu terceiro mandato à frente de uma Venezuela afundada na crise.