Em entrevista à TV americana ABC, o ditador Nicolás Maduro mandou um recado ao presidente interino da Venezuela, Juan Guaidó.
Quando questionado se ele permitiria a volta de Guaidó ao país, Maduro disse: "Ele pode sair e voltar, mas terá que dar explicações à Justiça, porque foi proibido de deixar o país. Ele tem que respeitar as leis."
Maduro e seus aliados acusam Guaidó de tentar estabelecer um governo paralelo. Em 29 de janeiro, o Tribunal Supremo de Justiça da Venezuela, alinhado ao regime chavista, proibiu o líder opositor de deixar o país e bloqueou suas contas bancárias. O pedido das restrições havia sido feito pelo procurador-geral Tarek Saab, que investiga as ações de Guaidó desde que ele se declarou presidente interino da Venezuela, em 23 de janeiro. De acordo com Saab, desde então "ocorreram atos violentos, pronunciamentos de governos estrangeiros e o congelamento de ativos da República, o que implicaria crimes graves que atentam contra a ordem constitucional".
Em 11 de fevereiro, a Controladoria Geral da Venezuela abriu uma investigação sobre o patrimônio do líder oposicionista, por ele ter supostamente "ocultado ou falsificado dados" em sua declaração e recebido dinheiro de entidades internacionais "sem nenhum tipo de justificativa".
Guaidó está em território colombiano desde sexta-feira (22), quando compareceu ao Venezuela Aid Live, festival na fronteira com a Colômbia realizado para arrecadar verba para a ajuda humanitária e pressionar Maduro a aceitar que a ajuda internacional, vinda majoritariamente dos EUA, entrasse no país.
Na segunda-feira (25), Guaidó participou da reunião do Grupo de Lima, em Bogotá, e disse que voltaria à Venezuela nesta semana. Na ocasião, o grupo de países americanos definiu que vão "fechar o cerco contra Maduro", mas "sem uso da força", descartando uma intervenção militar. A declaração do grupo, entretanto, prevê que "qualquer ação violenta contra Guaidó, sua esposa ou familiares (…) obrigaria o Grupo de Lima agir coletivamente, recorrendo a todos os mecanismos legais e políticos".
Crise inventada?
Na mesma entrevista, Maduro insistiu que os EUA colocaram em prática um plano para "fabricar uma crise" na Venezuela, o que justificaria uma intervenção não apenas em seu país, mas em toda a América do Sul. Em sua opinião, "tudo o que o governo dos Estados Unidos fez foi condenado ao fracasso".
"Tudo o que o governo dos Estados Unidos fez foi fadado ao fracasso", disse Maduro ao jornalista espanhol Tom Llamas. "Eles estão tentando fabricar uma crise para justificar a escalada política e uma intervenção militar na Venezuela para levar uma guerra à América do Sul".
Maduro ainda disse que está "preparado para um diálogo" com o governo do presidente Donald Trump.
"Somos sul-americanos, temos que buscar soluções do século 21, não para a Guerra Fria. A Guerra Fria deve ser deixada para trás", disse.
Leia mais: Jornalista é detido após mostrar a Maduro vídeo de venezuelanos comendo do lixo
Ele insistiu que Trump se tornou presidente graças ao "caminho fraturado" deixado por seu antecessor, Barack Obama e reiterou sua disposição em dialogar com ele para ter relações respeitosas.
Maduro disse que não teme o presidente americano, mas se preocupa com quem está ao seu redor, como o vice-presidente Mike Pence, o assessor de segurança, John Bolton, o secretário de Estado, Mike Pompeo e o encarregado das relações com a Venezuela, Elliott Abrams.
"Acho que essas pessoas que cercam o presidente Trump são ruins. E acho que, em certo momento, o presidente Trump terá que dizer 'temos que ver o que acontece com a Venezuela e mudar nossa política'", disse ele.