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O regime de Nicolás Maduro tem empregado uma combinação de veículos de comunicação estatais e o Ministério Público para silenciar jornalistas que criticam a ditadura de Caracas.
Segundo uma reportagem do site argentino Infobae, a estratégia, que inclui acusações infundadas e ataques pessoais contra esses comunicadores, é orquestrada diretamente do Palácio de Miraflores, sede do regime, e tem como alvos diversos jornalistas e também defensores dos direitos humanos.
O Ministério Público venezuelano, liderado pelo procurador-geral chavista Tarek William Saab, tem sido uma ferramenta crucial nessa perseguição. O regime de Maduro utiliza o órgão e Saab para fazer acusações levianas contra jornalistas e ativistas, chegando a acusá-los até mesmo de fazer parte de uma conspiração e tentativas de assassinato contra figuras da ditadura chavista.
Tais acusações têm sido frequentemente amplificadas pelos veículos de comunicação estatais, bastante utilizados pelo regime de Maduro.
A Agência Venezuelana de Notícias é um exemplo disso. Ela tem sido utilizada para disseminar desinformação e atacar jornalistas independentes e de veículos críticos que têm o histórico de reportar casos contra o regime chavista.
Conforme o Infobae, a jornalista chavista identificada como Emma Carolina Agurto Arévalo, é uma das figuras centrais nesta campanha de difamação contra comunicadores opositores. Conforme informações do site, ela coordena uma rede de pessoas que são pagas para desenvolver narrativas falsas contra aqueles que ousam criticar Caracas.
A campanha de difamação de Maduro contra jornalistas críticos também se estende às redes sociais, onde robôs e contas falsas são usados para atacar e desacreditar aqueles que são críticos.
Atualmente a situação dos jornalistas opositores na Venezuela é alarmante. A liberdade de imprensa no país está sob constante ameaça, e aqueles que se atrevem a relatar a verdade enfrentam consequências severas.
Organizações que defendem a liberdade de comunicação na Venezuela já haviam alertado para a existência de um padrão de perseguição contra jornalistas no país.
Nos primeiros quatro meses deste ano, o Sindicato Nacional dos Trabalhadores da Imprensa (SNTP) da Venezuela documentou cerca de 51 casos de violações ao direito à liberdade de expressão e informação. Segundo a entidade, o país contou também com o fechamento de 11 novas estações de rádio, o meio de comunicação com maior alcance no país.
O SNTP também destacou o contínuo assédio contra jornalistas e veículos de comunicação, principalmente os de linha editorial contrária ao pensamento de Caracas.
"O medo, as dificuldades no acesso à informação, o uso da lei para punir expressões dissidentes e a autocensura são fatores que enfraquecem o já reduzido ecossistema de mídia”, disse o SNTP.
O relatório mais recente da organização Espacio Público, que cataloga ataques contra a imprensa venezuelana, revela que, em 2023, foram registradas 384 denúncias de violações à liberdade de expressão de comunicadores.
O caso do jornalista e líder comunitário Carlos Julio Rojas, preso sob a acusação de estar envolvido em um suposto plano para assassinar o ditador Nicolás Maduro, é um exemplo alarmante da perseguição venezuelana contra aqueles que ousam criticar o chavismo. Além de Rojas, outros cinco jornalistas foram perseguidos e julgados no país, sem a devida investigação adequada ou exercício do direito à defesa. Eles foram acusados de crimes de ódio, traição à pátria e terrorismo.