Lyudmila Navalnaya afirmou que, se a família não concordar que haja um enterro secreto, os investigadores ameaçaram “fazer alguma coisa com o corpo do meu filho”| Foto: Reprodução/YouTube

A mãe do líder opositor russo Alexei Navalny, Lyudmila Navalnaya, disse nesta quinta-feira (22) que investigadores a chantagearam para que o corpo do ativista seja enterrado secretamente, sem que seja realizado um velório.

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Em um vídeo publicado no canal de Navalny no YouTube, Lyudmila disse que viu o corpo do filho em um necrotério na cidade russa de Salekhard, onde esteve com investigadores do caso durante 24 horas.

Lyudmila afirmou que assinou a certidão de óbito de Navalny. Depois, a equipe de Navalny informou que o documento apontava que ele morreu de “causas naturais”, mas familiares e apoiadores sustentam que ele foi morto pelo Kremlin.

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“Pela lei, eles deveriam ter me entregado o corpo de Alexei imediatamente. Mas não o fizeram até agora. Em vez disso, eles estão me chantageando, me dizendo onde, quando e como Alexei deve ser enterrado. Isso é ilegal. Eles receberam ordens do Kremlin ou do escritório central do Comitê de Investigação bem na minha frente”, relatou.

“Eles querem que [o enterro] seja feito secretamente, sem uma despedida. Eles querem me levar a um canto do cemitério, a uma cova recém-aberta, e dizer: ‘O seu filho está aqui’. Eu não concordo com isso. Eu quero que vocês, que se importavam com Alexei, para quem a morte dele foi uma tragédia pessoal, tenham a oportunidade de se despedir dele”, disse.

A mãe de Navalny afirmou que, se a família não concordar que haja um enterro secreto, os investigadores ameaçaram “fazer alguma coisa com o corpo do meu filho”. Um investigador chegou a lhe dizer, segundo o relato: “O tempo está contra você, o corpo está se decompondo”.

“Não quero condições especiais, quero apenas que tudo seja feito respeitando a lei. Exijo que o corpo do meu filho me seja entregue imediatamente”, disse.

Nesta semana, o jornal Moscow Times informou que as autoridades da Rússia estão preocupadas com a possibilidade de que o velório de Navalny, que morreu numa prisão na Sibéria na sexta-feira (16), possa comprometer a reeleição do presidente Vladimir Putin, em pleito a ser realizado entre 15 e 17 de março.

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Segundo fontes ouvidas pelo periódico, uma das hipóteses estudadas é nunca liberar o corpo de Navalny para a família.

Na segunda-feira (19), a escritora russa Kira Yarmysh, porta-voz de Navalny, disse que, segundo os investigadores do caso, o corpo do ativista não seria liberado por pelo menos duas semanas porque “ficará sob uma espécie de ‘exame químico’ por mais 14 dias”.

Infográficos Gazeta do Povo[Clique para ampliar]