Peter Curtis, americano libertado depois de quase dois anos preso na Síria ­— ele havia sido sequestrado pela Frente Al-Nusra| Foto: Brian Snyder/Reuters

1 americano que deixou os EUA neste ano para lutar ao lado do Estado Islâmico na Síria foi morto durante um confronto com combatentes oposicionistas na semana passada em Aleppo, afirmou Washington. O incidente materializa o medo de que militantes islâmicos estejam sendo recrutados no Ocidente.

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ONU

O governo sírio provavelmente usou gás de cloro para atacar civis, enquanto o grupo Estado Islâmico cometeu crimes contra a humanidade em duas províncias da Síria, afirmou ontem uma comissão independente da ONU. Esta é a primeira vez em que a entidade atribuiu culpa pelo uso de agentes químicos — afirmando que Damasco usou um agente químico (cloro) contra civis em vilas do norte, oito vezes em abril.

A mãe de um jornalista americano sequestrado pelo Estado Islâmico (EI) pediu ontem a libertação do filho em uma mensagem emocionada, dirigida ao líder do grupo jihadista, proclamado califa do território conquistado na Síria e no Iraque.

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Shirley Sotloff, mãe do jornalista freelancer de 31 anos Steven Sotloff, é a primeira a realizar um pedido assim. Em um vídeo divulgado pelo jornal The New York Times, ela afirma que o filho é inocente e não pode ser responsabilizado pelas ações do governo dos Estados Unidos.

"Envio essa mensagem a você, Abu Bakr al-Baghdadi, califa do Estado Islâmico. Sou Shirley Sotloff. Meu filho Steven está em suas mãos. O senhor califa pode conceder uma anistia. Peço, por favor, que liberte meu filho. Peço que use sua autoridade para salvar a vida dele", declarou Shirley na gravação.

Ela afirma ainda que Steven é um "jornalista que viajou ao Oriente Médio para cobrir o sofrimento de muçulmanos nas mãos de tiranos". "É um filho, irmão e neto leal e generoso. Ele é um homem honroso e sempre procurou ajudar os mais fracos. O jornalista não tem controle sobre o que o governo dos EUA faz e ele não deve ser responsabilizado pelas ações do país. Ele é um jornalista inocente."

O nome de Steven Sotloff, sequestrado há um ano, mas que não havia sido revelado pela imprensa, surgiu na semana passada quando o EI o identificou como o próximo refém a ser executado após o assassinato do repórter James Foley, cuja decapitação foi publicada em vídeo explícito na internet, no último dia 19.

Na gravação, que está sendo analisada por especialistas nos EUA, o militante que corta a cabeça de Foley antes explica, falando inglês com sotaque britânico, que o sacrifício do jornalista se deve aos bombardeios que Washington realizou contra o EI em regiões do Iraque.

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A ofensiva americana teve o objetivo de defender a minoria yazidi, perseguida pelos extremistas islâmicos. O vídeo termina com o militante dizendo que a vida de Sotloff está nas mãos do presidente Barack Obama.

Personagem

Abu Bakr al-Bagdadi, proclamado califa do território conquistado pelo grupo na Síria e no Iraque, determinou que todos os muçulmanos devem obedecê-lo. Sua autoridade ainda não foi reconhecida fora do Estado Islâmico.

Americano é libertado por militantes sírios

Reuters

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Um jornalista norte-americano libertado nesta semana — depois de ter sido refém por dois anos de insurgentes sírios — veio a público ontem para agradecer àqueles que trabalharam para libertá-lo. Ele também disse que a acolhida que recebeu ao voltar para os Estado Unidos foi emocionante.

Peter Theo Curtis, que ha­­via sido capturado pela Fren­­te Al-Nusra, braço da Al-­­Qa­­eda na Síria — e rival do Estado Islâmico —, disse que não tinha ideia, durante o tempo em que estava preso, de que centenas de pessoas ao redor do mundo estavam em campanha para que ele fosse libertado.

Em um comunicado por escrito, Curtis também agradeceu às autoridades dos governos dos EUA e do Catar, diretamente envolvidas na negociação com os militantes islâmicos.

"Estou muito emocionado", disse Curtis, de 45 anos, a repórteres que o aguardavam do lado de fora da casa da mãe, ontem de manhã. Curtis, que foi solto no domingo, afirmou que muitas pessoas desconhecidas se aproximaram dele para dar as boas-vindas de volta para casa.

"De repente, eu me lembrei de como o povo norte-americano é bom e da bondade que eles têm no coração. E, a todas essas pessoas, digo um grande ‘obrigado’ do meu coração, do fundo do meu coração", disse Curtis.

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Ele se recusou a responder perguntas. "Eu vou responder, mas não posso fazer isso agora", disse Curtis, que junto com sua mãe, Nancy, hasteou uma bandeira dos Estados Unidos na casa antes de falar com os jornalistas. Curtis chegou a Cambridge, no estado americano de Massachusetts, na última terça-feira, em um voo de Tel Aviv, e foi recebido pela mãe no Aeroporto Logan, em Boston.

A libertação dele ocorreu mediante os esforços para libertar outros reféns norte-americanos na Síria, enquanto os Estados Unidos consideram as opções possíveis, incluindo ataques aéreos, contra o grupo militante Estado Islâmico.

Briga

O Estado Islâmico, que domina regiões na Síria e no Iraque, chamou para si o papel central na jihad, a guerra santa contra inimigos do Islã, num desafio direto ao poder até então exercido pela rede terrorista Al-Qaeda e por aliados dela, grupo que inclui a Frente Al-Nusra em território sírio.