Uma adolescente paquistanesa que morreu nas mãos de sua mãe por ter se casado sem sua permissão foi enterrada de forma discreta por sua família nesta quinta-feira (9).
Zeenat Bibi, de 16 anos, foi assassinada e queimada na quarta-feira em Lahore, a capital cultural do Paquistão.
A família da menina não exigiu o corpo e a família de seu marido enterrou os restos calcinados da jovem durante a madrugada, em um cemitério próximo da cidade.
“A cerimônia fúnebre e o enterro aconteceram sem incidentes”, indicou um policial da delegacia local.
Hassan Khan, de 20 anos, o jovem marido de Zeenat, apresentou uma queixa por assassinato contra contra Perveen Bibi, mãe de sua esposa.
Bibi foi detida imediatamente depois dos fatos.
Centenas de mulheres são assassinadas todos os anos no Paquistão por seus parentes por terem “ultrajado a honra da família”, mas é raro que esses crimes sejam cometidos por mulheres.
A polícia disse ter detido um tio da vítima, e que está procurando um de seus irmãos, acusados de cumplicidade no crime.
Os resultados da necropsia ainda não são conhecidos, mas os primeiros elementos da investigação indicam que a jovem foi estrangulada e depois queimada.
A família do marido declarou ter aceitado que a jovem esposa voltasse para a casa, já que a família de Zeenat prometeu que haveria uma cerimônia oficializando o casamento.
Mas Zeenat foi morta como punição por ter desrespeitado a família e se casado no dia 29 de maio com Hassan Khan.
“Se queriam matar alguém, deviam ter matado a mim”, lamentou o viúvo.
“Zeenat não queria voltar para casa, disse-me que sua família a mataria. Mas finalmente aceitou porque seu tio falou que estaria segura”, contou.
Diferentes etnias
O maior defeito de Hassan Khan para a família da noiva era o fato de ser da etnia pashtum, quando Zeenat pertencia à etnia panyabi.
Ela é a terceira vítima nos últimos meses de um crimes deste tipo.
Na semana passada, outra jovem paquistanesa de 19 anos, Maria Sadaqat, foi torturada e queimada por um grupo de pessoas em um povoado próximo a Islamabad, capital do país, por ter se negado a casar com o filho de seu antigo chefe.
E em abril, no noroeste do país, outra jovem foi assassinada por ter ajudado uma amiga a fugir com um homem. Os habitantes de seu povoado queimaram posteriormente seu cadáver.
Militantes dos direitos humanos exigem uma reforma da lei para que os assassinos não consigam escapar da prisão ao obter o perdão da família da vítima, como atualmente é possível nesse tipo de caso.
“O fato de que uma família mate seus próprios filhos mostra que algo vai muito mal na lei e na sociedade”, comentou Hina Gilani, militante dos direitos humanos em Lahore.
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