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Protestos

Magistrados apuram denúncias de fraude em referendo no Egito

Magistrados egípcios investigam acusações da oposição de irregularidades na votação do referendo constitucional neste domingo (23), antes de declarar o resultado da votação.

"A comissão eleitoral está compilando os resultados da primeira e segunda fases e os votos de egípcios no exterior e investigando as reclamações", disse o o juiz Mahmoud Abu Shousha.

O Egito espera nesta segunda-feira o resultado oficial do referendo sobre o projeto de Constituição, que teria sido aprovado por dois terços dos eleitores, de acordo com dados não oficiais contestados pela oposição.

"Nenhuma data oficial foi definida" para a divulgação do resultado oficial, indicou Mohamed el Tanobly, membro da comissão eleitoral. A imprensa estatal havia afirmado que os resultados oficiais seriam anunciados nesta segunda-feira.

A Irmandade Muçulmana, do presidente Mohamed Mursi, e os meios de comunicação do governo informaram que 64% dos eleitores aprovaram a Constituição, ao fim das duas fases do referendo realizado nos dias 15 e 22 de dezembro. De acordo com os islâmicos, a taxa de participação foi de 32%.

No entanto, a FSN (Frente de Salvação Nacional ), principal coalizão de oposição, anunciou que contesta estes resultados, conquistados graças à fraudes, violações e irregularidades". A FSN acrescentou que este referendo "não é o fim do caminho", mas "apenas uma batalha" na luta contra o presidente Mursi.

O projeto de Constituição está, há varias semanas, no centro da crise mais grave do Egito desde a eleição Mursi, em junho passado.

As tensões entre partidários e opositores de Mursi culminou na noite de 5 de dezembro em confrontos nos arredores do palácio presidencial, no Cairo, que causaram oito mortos e centenas de feridos.

A oposição argumenta que o texto constitucional abre caminho para interpretações rigorosas do Islã e oferece poucas garantias para certas liberdades, apesar das aspirações democráticas que surgiram com a revolta popular contra Hosni Mubarak, que governou o Egito por três décadas. Para os partidários do "sim", a aprovação da Constituição trará estabilidade ao país. Um argumento utilizado para tranquilizar os egípcios, muito preocupados depois de dois anos de uma transição turbulenta.

No plano internacional, a Alemanha solicitou uma investigação sobre as supostas fraudes.

Os EUA, que fornecem uma ajuda militar anual de US$ 1,3 bilhão ao Egito, foi cauteloso a este respeito. Mas a republicana Ileana Ros-Lehtinen, presidente do Comitê de Assuntos Exteriores da Câmara de Representantes, considerou a votação uma "derrota para o povo egípcio".

"Nós não podemos comemorar a mudança de um regime autoritário por uma ditadura islâmica", declarou.

Em um contexto de instabilidade política e econômica, acompanhada por um aumento da dívida e uma queda do turismo, o FMI (Fundo Monetário Internacional) anunciou este mês uma ordem de congelamento de um pedido do Cairo para um empréstimo de US$4,8 bilhões, enquanto a Alemanha suspendeu a anulação parcial da dívida egípcia, devido às suas preocupações sobre o que está acontece no país. Prevê-se que, em troca do empréstimo do FMI, o Egito aplique medidas de ajuste orçamental.

O embaixador da União Europeia no Cairo, James Moran, considerou ser "importante (aplicar essas medidas) para criar confiança. A situação atual é frágil e quanto mais cedo se concretize o empréstimo do FMI, melhor". Antes da primeira fase do referendo, em 15 de dezembro, Mursi congelou uma série de aumentos de impostos impopulares sobre produtos de consumo, tais como cigarros e refrigerantes, com o objetivo de trazer mais renda para o Estado.

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