O presidente iraniano, Mahmoud Ahmadinejad, acusou nesta quinta-feira (25) o líder norte-americano, Barack Obama, de se comportar da mesma maneira que seu antecessor com relação ao Irã e acrescentou que não há motivos para dialogar com Washington, a não ser que o presidente dos Estados Unidos se desculpe.

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Na terça-feira (23), Obama disse estar "assustado e indignado" pela repressão aos protestos pós-eleitorais no Irã e Washington retirou os convites feitos a diplomatas iranianos para que participassem das comemorações pelo Dia da Independência dos EUA, em 4 de julho, o que travou os esforços de melhora das relações com o Irã.

"O senhor Obama errou ao dizer essas coisas... nossa pergunta é por que ele caiu nessa armadilha e disse coisas que, anteriormente, (o ex-presidente George W.) Bush costumava dizer", disse Ahmadinejad, segundo a agência de notícias semioficial Fars.

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"Você quer dialogar neste tom? Se essa é sua posição, então o que há para falar?... Espero que você evite interferir nas questões iranianas e que expresse seu arrependimento de maneira que a nação iraniana seja informada disso", acrescentou.

Cerca de 20 pessoas morreram nas manifestações que se seguiram à contestada eleição presidencial de 12 de junho. A polícia e integrantes de uma milícia tomaram as ruas de Teerã desde sábado, esmagando os maiores protestos de rua do país desde a revolução islâmica de 1979.

O episódio expôs um racha sem precedentes dentro do regime clerical do Irã, com o líder supremo, Aiatolá Ali Khamenei, que geralmente fica acima das disputas políticas, colocando-se de maneira enfática ao lado de Ahmadinejad.

"Meu julgamento pessoal é que esse é um país profundamente dividido", disse um diplomata ocidental na região. As manifestações mostraram quão descontente uma parte da sociedade iraniana está com a maneira que o país é dirigido.

Briga nos bastidores

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Khamenei manteve os resultados da eleição, e o principal órgão legislativo do país, o Conselho de Guardiães, se recusou a anular o pleito. Um porta-voz do Conselho afirmou, segundo a TV estatal do país, que essa está "entre as eleições mais saudáveis já realizadas no país".

A mulher do líder da oposição Mirhossein Mousavi, que alega vitória na eleição, afirmou que é "um dever seguir com os protestos legais para preservar os direitos iranianos".

Simpatizantes de Mousavi afirmam que soltarão milhares de balões na sexta-feira com a mensagem "Neda, você sempre estará em nossos corações", numa referência à jovem morta na semana passada e que se tornou símbolo das manifestações.

Mas analistas afirmam que a batalha deixou as ruas e transformou-se numa briga de bastidores entre figuras importantes, como o ex-presidente Akbar Hashemi Rafsanjani, e Ahmadinejad e Khamenei.

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