Estados Unidos apoiam pleito; OEA quer diálogo
Folhapress
Os Estados Unidos contrariaram a maioria da comunidade internacional incluindo o Brasil e elogiaram ontem a eleição em Honduras como "um passo adiante na crise política que atinge o país há cinco meses.
Novo presidente
Vencedor faz apelo à unidade
Agência Estado
O candidato conservador Porfirio Lobo, vencedor das eleições presidenciais de Honduras, disse ontem que trabalhará para validar sua vitória no exterior e nacionalmente. "Não há tempo para divisões", afirmou. Apelidado de "Pepe", será do conservador de 61 anos a missão de tentar encerrar a crise.
Lobo prometeu levar de volta ao país o necessário investimento internacional, além de formar um governo de união nacional.
O presidente deposto, Manuel Zelaya, que havia pedido boicote ao pleito, disse ontem que as eleições devem ser anuladas por terem sido realizadas sob um regime golpista.
Grupos de direitos humanos condenaram o ambiente de intimidação e medo antes das eleições. A Organização das Nações Unidas e a Organização dos Estados Americanos (OEA)se negou a monitorar as eleições.
Vários governos latino-americanos reiteraram ontem que não reconhecerão as eleições em Honduras, enquanto outros assinalaram que a eleição de Porfirio Lobo para a Presidência hondurenha poderá abrir uma saída para a crise. A Espanha também se manifestou contrária ao reconhecimento do pleito hondurenho.
"O governo espanhol não reconhece as eleições, mas também não as ignora", disse o chanceler espanhol Miguel Angel Moratinos, durante a cúpula dos países ibero-americanos em Estoril, Portugal.
Também em Estoril, a presidente do Chile, Michelle Bachelet, disse que as eleições em Honduras aconteceram "conforme havia assinalado a Constituição hondurenha antes do golpe de Estado contra o presidente Manuel Zelaya". Não obstante, Bachelet disse que o pleito de domingo "não pode ser invocado para legitimar um golpe de Estado, desfechado há apenas cinco meses, porque desta maneira seria aberto um precedente grave e inaceitável".
Além do Chile, Brasil, Argentina, Uruguai, Venezuela, Bolívia e Equador já haviam dito que não reconheceriam as eleições.
O assessor para Assuntos Internacionais da Presidência do Brasil, Marco Aurélio Garcia, disse que alguns "gestos" do presidente eleito de Honduras, Porfirio Lobo, e a taxa real de participação nas eleições poderão levar a "mudanças" na posição brasileira, mas ressaltou que o país não reconhece a legitimidade do pleito.
O governo do Paraguai também manifestou sua posição contrária. "O presidente (Lugo) disse que é impossível reconhecer as eleições em Honduras", disse Humberto Blasco, ministro da Justiça e do Trabalho do Paraguai.
Ao contrário desse grupo de países, Colômbia, Peru e Costa Rica reafirmaram que reconhecerão o novo governo. "Aconteceu um processo democrático em Honduras", afirmou o presidente colombiano, Álvaro Uribe.
O governo do México ainda não tem uma posição definida. O presidente Felipe Calderón pediu a volta da ordem institucional a Honduras, mas lembrou que as eleições do domingo ocorreram sem "observadores internacionais institucionais" e por isso não é possível dizer se o processo foi livre.