A maioria dos 217 passageiros que estava no avião da companhia russa Metrojet que caiu neste sábado (31) na Península do Sinai, no Egito, voltava de dias de férias nos resorts da cidade turística de Sharm al-Sheikh.
No hotel destinado para parentes e amigos das vítimas em São Petersburgo, os parentes contavam as histórias de luas-de-mel e de descansos sonhados nas praias do Mar Vermelho das pessoas que estavam a bordo da aeronave.
Nos últimos dias, a garçonete Viktoria Sevryukova, 24, publicou diversas fotos nas redes sociais da viagem a Sharm al-Sheikh. Hoje, diversos amigos republicaram uma das imagens com mensagens de luto e incredulidade.
Ao jornal britânico The Observer, uma das amigas da passageira, Yevgenia Beryozina, disse que sentia um vazio ao perdê-la. “Era minha melhor amiga. Ela esperou tanto por essa viagem e agora se foi.”
Entrevistada pela agência Associated Press, Yulia Zaitseva esperava informações sobre sua amiga, Elena Rodina, 33, e o marido, Alexqander Krotov. Os dois se casaram recentemente e passaram a lua-de-mel na cidade egípcia.
Zaitseva disse que a amiga queria muito ir ao país africano, apesar da instabilidade política. “Era uma excelente amiga, pronta a dar tudo a qualquer pessoa. Perder uma amiga assim é como ter tido sua mão cortada.”
Nayell, um homem de meia-idade que estava no hotel, disse que sua mulher pediu para ficar mais uns dias em Sharm al-Skeikh, enquanto o resto da família havia voltado durante a semana.
Ela estava no avião que caiu no Egito. “Às seis horas da manhã ela me mandou uma mensagem em que disse: ‘Estou embarcando. Que Deus esteja comigo.’ E foi isso”, afirmou à agência de notícias Reuters.
Em entrevista à rede de televisão britânica BBC, Nina, uma idosa que também deu apenas seu nome de batismo, dava uma amostra de DNA para identificar seu filho, Alexei, e a noiva dele, Natasha, que passavam férias no Egito.
Apoio
Além de psicólogos e funcionários da Metrojet, os parentes e amigos dos passageiros e tripulantes eram assistidos por um padre da Igreja Ortodoxa. Em homenagem às vítimas, o presidente Vladimir Putin decretou um dia de luto oficial.
Dirigentes de diversos países enviaram condolências às famílias e ao governo russo, dentre eles o secretário de Estado americano, John Kerry.
As autoridades egípcias ainda investigam o que pode ter provocado a queda do Airbus A321. As caixas-pretas já estão sendo analisadas por técnicos locais e representantes da Rússia e do fabricante da aeronave.
Tanto o Egito quanto a Rússia, porém, descartam que o avião tenha sido abatido. Mais cedo, a célula egípcia do Estado Islâmico na Península do Sinai havia afirmado que tinha disparado um míssil contra o Airbus A321.
As autoridades e analistas militares e de aviação consideram pouco provável que esta vertente da milícia radical tenha poder de fogo para abater um avião em altitude de cruzeiro. Antes da queda, ele estava a 30 mil pés (9.144 metros).