A maioria dos venezuelanos acredita que o presidente Hugo Chávez vai se recuperar do câncer e voltar a ter papel ativo no governo, disse uma pesquisa nesta terça-feira (26), embora ele esteja hospitalizado e praticamente não seja visto há dois meses e meio.
Segundo o instituto Hinterlaces, 60% dos seus entrevistados acham que Chávez vai se curar e voltará a governar; 14% acham que ele vai se recuperar, mas não terá condições de retomar o poder; e 12% acham que seu estado é incurável.
Chávez, de 58 anos, se submeteu em 11 de dezembro à quarta operação contra um câncer, em Cuba, e na semana passada voltou à Venezuela, onde se internou num hospital militar de Caracas.
Exceto por quatro fotos dele em Havana, o presidente socialista não foi visto nem ouvido em público, e mesmo seu amigo e aliado Evo Morales, presidente da Bolívia, não pôde entrar no quarto dele ao fazer visitas a Caracas.
A visão surpreendentemente otimista da opinião pública venezuelana contrasta com o consenso mais pessimista entre analistas e diplomatas de que o governo de Chávez pode estar chegando ao fim, 14 anos depois da sua ascensão ao poder.
"Longe de enfraquecer o chavismo, longe de reduzir o apoio popular ao presidente Chávez, sua ausência e sua doença surpreenderam os vínculos de afeto e identificação com os ideais do presidente", disse o diretor da entidade, Oscar Schemel.
Maduro
Resultados previamente divulgados da mesma pesquisa mostravam que, se Chávez precisar deixar o poder, seu vice-presidente e sucessor nomeado, Nicolás Maduro, é favorito para vencer um possível confronto eleitoral contra o líder oposicionista Henrique Capriles, por 50% a 36% das intenções de voto.
O líder oposicionista acusa publicamente o Hinterlaces de ser pró-governo, e as pesquisas de opinião na Venezuela são notoriamente polêmicas e divergentes.
A pesquisa também mostrou que 60% consideraram ruim a desvalorização do bolívar decretada neste mês, mas o governo teve uma boa avaliação em suas políticas sociais e capacidade de melhorar a vida das pessoas.
O governo não divulga detalhes sobre o estado de saúde de Chávez, mas nesta terça-feira o chanceler Elías Jaua disse que os venezuelanos precisam "ser pacientes para esperá-lo, entendê-lo e acompanhá-lo nessa batalha pela vida".
"Não podemos sucumbir à chantagem da direita -e à sua crueldade e desumanidade- que clama para que o presidente apareça, intervenha, tome posse imediatamente."
Chávez faltou à cerimônia de posse para um novo mandato de seis anos, em janeiro.