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Zonas de combate

Mais de 12 mil crianças foram vítimas de conflitos armados no mundo em 2018

Menino armado caminha com um combatente do grupo iemenita Houthi em uma manifestação de apoio aos combatentes xiitas contra a intervenção liderada pela Arábia Saudita, em Sanaa, capital do Iêmen, 1º de agosto de 2019
Menino armado caminha com um combatente do grupo iemenita Houthi em uma manifestação de apoio aos combatentes xiitas contra a intervenção liderada pela Arábia Saudita, em Sanaa, capital do Iêmen, 1º de agosto de 2019 (Foto: MOHAMMED HUWAIS / AFP)

Mais de 12 mil crianças foram feridas ou mortas em zonas de conflitos em todo o mundo em 2018, segundo um relatório da Organização das Nações Unidas (ONU) divulgado na terça-feira (30). Esse foi o pior ano já registrado para as crianças que vivem em regiões de conflitos armados de acordo com o relatório anual do Conselho de Segurança da ONU, que afirma que foram cometidas mais de 24 mil violações graves, que incluem o uso de crianças como combatentes e ataques contra escolas e hospitais.

Os países com mais casos de mortes de meninos e meninas em conflitos no ano passado foram Afeganistão (3.062 casos), Síria (1.854) e Iêmen (1.689).

As crianças ainda são usadas em combates, principalmente na Somália, Nigéria e Síria: cerca de 7 mil crianças foram arrastadas para postos de combate pelo mundo em 2018. Elas também são sequestradas para serem usadas em ataques armados ou para atos de violência sexual: mais da metade desses casos relatados foi na Somália.

"Sem dúvida, a situação que mais me vem à mente é a pior delas - a que nós temos que fazer o maior esforço para reverter - é a da Somália", disse a jornalistas Virginia Gamba, representante especial da ONU para crianças em conflitos armados, diretora do departamento que elabora o relatório.

Gamba disse que o número de violações de todas as categorias na Somália é muito alto e que o quadro é preocupante. Tanto o Exército Nacional da Somália quanto os grupos terroristas al-Shabab e Ahlu-Sunna Wal-Jama'a (ASWJ) foram incluídos no relatório como autores das violações.

Ainda segundo o relatório, ataques contra escolas e hospitais diminuíram de maneira geral, mas se intensificaram em algumas situações de conflitos, como no Afeganistão e na Síria, que registrou o maior número de ataques desse tipo desde o início do conflito.

Mali é o país onde as crianças mais sofrem com o fechamento e o uso militar de escolas por conflitos armados no ano passado: 827 escolas fecharam em Mali até dezembro, deixando mais de 244 mil crianças sem acesso à educação.

Muitas vezes, as crianças não são vistas como vítimas do recrutamento para atuar em combates e acabam detidas por sua associação com grupos armados. Na Síria e no Iraque, a maioria das crianças privadas de liberdade tem menos de cinco anos de idade, segundo a ONU.

Segundo o relatório, as violações feitas por grupos armados não variaram desde o relatório anterior, mas houve um "aumento alarmante" no número de violações causadas por governos e forças internacionais.

O relatório faz recomendações e pede que os países trabalhem com a ONU para realocar mulheres e crianças estrangeiras afiliadas a grupos extremistas, para o benefício das crianças. O número de crianças beneficiadas pelo apoio à liberação e reintegração foi de 13.600 em 2018.

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