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Mais de 20 deputados do Partido Liberal do Canadá pediram ao seu líder e primeiro-ministro do país, Justin Trudeau, que renuncie para evitar que a legenda sofra uma derrota marcante nas próximas eleições gerais.
A extensão da revolta interna foi revelada nesta quarta-feira (23), quando os 153 membros da bancada do partido se reuniram em Ottawa, incluindo Trudeau, a portas fechadas.
Durante a reunião, um dos deputados que apoiam a renúncia, Patrick Weiler, leu uma carta apoiada por cerca de 24 parlamentares pedindo que Trudeau deixe o cargo na próxima segunda-feira, de acordo com a imprensa canadense.
Alguns portais de notícias e emissoras de TV informaram que, no início da reunião, Trudeau falou por 20 minutos, pediu a união do partido e destacou, em meio a lágrimas, o custo pessoal da crise que envolveu o Partido Liberal.
Após a reunião, Trudeau, que se recusou a responder perguntas de jornalistas, disse simplesmente que “o Partido Liberal é forte e unido”.
O ministro da Imigração, Marc Miller, um dos principais aliados de Trudeau, declarou que houve uma conversa franca e elogiou os parlamentares que “foram corajosos, se levantaram e disseram (a Trudeau) coisas na cara dele”.
A revolta ocorreu depois que o Partido Liberal perdeu recentemente duas eleições parciais em distritos eleitorais considerados tradicionalmente apoiadores da legenda.
A perda das duas cadeiras no Parlamento soma-se às pesquisas que, há meses, indicam consistentemente que o Partido Liberal perderá as próximas eleições gerais, programadas para o final de 2025, por uma grande margem, e que o vencedor será o Partido Conservador.
As pesquisas indicam uma insatisfação geral dos canadenses com o alto custo de vida, a falta de moradias a preços acessíveis e a deterioração dos serviços públicos, especialmente o de saúde.
Muitos canadenses atribuem suas dificuldades econômicas às políticas de imigração do atual governo, que permitiram a chegada de milhares de imigrantes todos os anos.