Um grupo de homens "fortemente armados", possivelmente pertencente à Al Qaeda no Magrebe Islâmico (AQMI), sequestrou nesta quarta-feira (16) na Argélia mais de 20 cidadãos ocidentais, após invandir as instalações de um campo de gás, principal fonte de riqueza do país.
Fontes oficiais citadas pela agência estatal de notícias reconheceram que o número de ocidentais sequestrados na central de tratamento de gás, situada em uma área desértica da província de Ilizi é "um pouco maior de 20", entre noruegueses, britânicos, americanos, japoneses e franceses.
Nacionalidades às quais seria preciso somar um irlandês, segundo informou o Governo da Irlanda.
O ministro do Interior da Argélia, Dahu Ould Kablia, declarou que um cidadão britânico e um argelino morreram e que outras seis pessoas ficaram feridas, quatro argelinas e duas de outra nacionalidade que não especificou, durante o ataque, primeiro contra um ônibus no qual viajavam trabalhadores do local rumo a um aeroporto próximo e depois contra o campo de gás.
Kablia também disse que os terroristas permanecem nas instalações rodeados por um "grande número" de soldados e membros das forças de segurança.
Em entrevista à televisão estatal, o ministro ressaltou que os terroristas não procediam nem da Líbia nem do Mali e acrescentou que não deixaram o país.
Uma versão que contrasta com a oferecida por um responsável das forças fronteiriças líbias, que assegurou à Agência Efe que ontem à noite dois veículos com reféns atravessaram a fronteira argelina em direção à Tunísia após um confronto com guardas líbios.
O complexo industrial, operado pela companhia estatal Sonatrach, pela British Petroleum e pela Statoil, está 1,6 mil quilômetros ao sudeste de Argel, em Ain Amenas, na região Tingaturín, próxima à fronteira líbia.
O controvertido e veterano jihadista da AQMI no Saara, Mojtar Belmojtar, autoprocalmado emir da Brigada dos Mascarados, assumiu hoje a autoria do ataque através da agência privada de notícias mauritana "ANI" e afirmou ter em seu poder 41 reféns ocidentais, sete deles americanos.
Segundo Belmojtar, o ataque foi realizado pelo batalhão dos Signatários com Sangue, um grupo que o dirigente salafista criou para responder a uma eventual intervenção internacional contra os grupos islâmicos radicais que controlam o norte do Mali desde junho do ano passado.
De acordo com o dirigente islamita, a operação é uma resposta à ingerência da Argélia e à abertura de seu espaço aéreo à aviação francesa, que na sexta-feira passada se uniu ao Exército do Mali para conter um ataque dos rebeldes salafistas estabelecidos nas províncias setentrionais do país.
Fontes oficiais indicaram que os sequestradores foram libertando os trabalhadores argelinos em pequenos grupos.
O ministro do Interior argelino insistiu que não negociará com os terroristas, que aparentemente pediram para sair do país com um grupo de reféns.
"Há duas vias, uma solução pacífica e outra violenta", declarou Kablia, que explicou que foi oferecida aos terroristas a possibilidade de entregar-se de forma pacífica às autoridades.
Esta é a primeira vez que um grupo terrorista lança um ataque desta magnitude contra instalações de hidrocarbonetos na Argélia, país onde AQMI mantém seu quartel-general.
Belmojtar já participou do sequestro de 32 turistas estrangeiros no deserto argelino entre fevereiro e março de 2003, no maior golpe terrorista perpetrado até agora contra estrangeiros em solo argelino.
Até o momento, não se conhecem suas reivindicações, além de sua intenção de deixar o país, e as autoridades garantiram ter criado uma célula de crise para solucionar a situação o mais rápido possível.
Além disso, a Sonatrach suspendeu o bombeamento de gás na região por temer uma possível sabotagem dos terroristas e as equipes de proteção civil se encontram em estado de alerta.