Centenas de mulheres e meninas capturadas pelo Boko Haram foram muitas vezes estupradas como parte de uma estratégia, segundo trabalhadores humanitários, deliberada para dominar os residentes rurais e, talvez, até mesmo criar uma nova geração de militantes islâmicos na Nigéria.
Em entrevistas, as mulheres descreveram ter ficado trancadas em um quarto com dezenas de outras, até que eram chamadas por um dos jihadistas que muitas vezes aparentavam ter o objetivo específico de engravidá-las.
“Eles me casaram”, disse Hamsatu, de 25 anos, uma mulher usando um pano preto e um lenço roxo na cabeça.
Ela disse que estava grávida de quatro meses, que o pai era um membro do Boko Haram e que ela tinha sido forçada a ter relações sexuais com outros militantes que tomaram o controle de sua cidade.
“Eles escolheram aquelas com quem queriam se casar”, acrescentou Hamsatu, cujo nome completo não é usado para proteger sua identidade.“Se alguém grita, eles logo diziam que iam matá-las”.
O Boko Haram, uma seita islâmica radical que assumiu grandes extensões de território no nordeste do país, captura há anos cidades e aldeias na Nigéria. Mulheres e meninas são então dadas aos combatentes do Boko Haram para “casamento”, um eufemismo para a violência sexual, que ocorre mesmo quando a união é religiosa.
Agora, dezenas de mulheres e meninas recém-libertas, muitas delas grávidas e agredidas, estão contando suas histórias em um acampamento para deslocados na capital do estado de Borno, Maiduguri. Enquanto isso, soldados nigerianos e de outras forças militares tentam expulsar o Boko Haram da região.
O custo humano da ocupação está emergindo só agora. Mais de 15.000 pessoas procuraram abrigo no acampamento, em um centro de treinamento de funcionários do governo federal abandonado. São, na sua maioria mulheres.
Mais de 200 delas descobriram estar grávidas, mas funcionários afirmam que um número muito maior deve estar carregando filhos indesejados de jihadistas do Boko Haram.
“Nós devíamos casar com elas aos 9 anos”, disse o líder do grupo, Abubakar Shekau, em uma mensagem em vídeo que acabou despertar a campanha global “bring back our grils” ( traga nossas meninas de volta).
Yahauwa, de 30 anos, recentemente descobriu ser HIV positivo.
“Quando vinham, selecionavam as com quem queriam dormir. E diziam: ‘se não casarem conosco vamos matá-las’”.
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