Mais de 200 milhões de jovens vivem na pobreza extrema, 130 milhões são analfabetos, 88 milhões estão desempregados e 10 milhão estão contaminados com o vírus da Aids. As cifras alarmantes são da ONU, que instou nesta terça-feira os líderes mundiais a investir mais na juventude.
Os números foram apresentados no "Informe sobre a juventude mundial 2005: jovens hoje e em 2015", elaborado pelo Departamento de Assuntos Econômicos e Sociais da ONU, divulgado nesta terça-feira. O documento expõe as dificuldades enfrentadas pelos jovens com idades entre 15 e 24 anos, que constituem a quinta parte da população mundial.
"A população jovem, mais que qualquer outra faixa etária, se viu afetada pela globalização, o envelhecimento da sociedade, os avanços rápidos das tecnologias da informação e a comunicação, a epidemia da aids e os conflitos armados", declarou em comunicado o subsecretário para Assuntos Sociais da ONU, José Antonio Ocampo.
Ocampo fez um apelo aos governos para que invistam mais em políticas para a juventude, e se comprometam a melhorar as condições de via das crianças de agora, que serão as novas gerações jovens em 2015.
"Para investir nos jovens, começa-se com a infância. Devem ser fortalecidas as políticas e aumentar os recursos para poder cumprir os Objetivos do Milênio na próxima década", declarou.
O relatório alerta que existem no mundo 160 milhões de crianças que sofrem de desnutrição e que 11 milhões com menos de 5 anos morrem por ano devido a doenças que podem ser prevenidas. Se esta tendência prevalecer, quase 110 milhões de crianças morrerão sem ter chegado à adolescência.
A pobreza, afirma o estudo, é o principal obstáculo para o desenvolvimento da juventude, especialmente se for levado em conta que 18% da população juvenil no mundo, ou seja, 209 milhões de jovens, vivem com menos de US$ 1 por dia e quase 515 milhões precisam se sustentar com menos de US$ 2 diários.
Por zonas geográficas, o impacto é maior no sul de Ásia, com 84 milhões de jovens que vivem com US$ 1 diário e 206 milhões com US$ 2, enquanto que na África subsaariana o número chega a 60 milhões e 102 milhões, respectivamente.
Na América Latina, há 11 milhões de adolescentes que vivem com US$ 1 e 27 milhões com dois dólares.
A educação é outro dos fatores que impedem o avanço da juventude, como o demonstra a existência atualmente de 130 milhões de jovens analfabetos no mundo todo. Apesar de houve importantes avanços no acesso à escola primária e secundária em países pobres, ainda existem 113 milhões de crianças sem escolarizar.
Outro dos grandes desafios da juventude, segundo o documento, é a falta de emprego, que continua aumentando devido à competitividade da globalização e apesar dos avanços registrados na área da educação.