Mais de 50 mil manifestantes contrários ao regime da Síria se manifestaram hoje na cidade síria de Hama, segundo um grupo pelos direitos humanos. Ativistas convocaram protestos em repúdio às mortes de dezenas de crianças na repressão oficial. Perto de Deraa, cidade no sul do país foco de protestos, as forças de segurança abriram fogo para dispersar uma multidão em Jassem, disse um ativista à France Presse. Manifestantes também se reuniram na cidade próxima de Dal e nas cidades curdas do norte sírio.
O Observatório Sírio para os Direitos Humanos afirmou que as forças de segurança dispararam para o alto no momento em que mais de 50 mil pessoas se reuniram nas ruas de Hama, no centro do país. A repressão oficial, sobretudo na região de Homs, deixou pelo menos 75 pessoas, entre civis e militares, mortos desde o domingo, segundo o ativista Abdel Rahman.
A televisão estatal da Síria transmitiu hoje testemunhos de três supostos membros de um "grupo criminoso armado", que teriam "matado manifestantes e agentes de segurança" em Homs. O jornal Al-Baath, visto como porta-voz do partido governista Baath, que comanda a Síria desde 1963, citou os homens dizendo que eles haviam "bloqueado rodovias" e "queimado prédios públicos", em troca de dinheiro e armas.
Os ativistas batizaram o dia de protestos de "Sexta-feira das Crianças", para lembrar os menores mortos no levante, como o menino de 13 anos Hamza al-Khatib, que, segundo eles, foi torturado até a morte. As autoridades negam a acusação. O Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef) afirmou que pelo menos 30 crianças foram mortas a tiros na revolta contra o governo autoritário do presidente Bashar Assad, iniciada em meados de março.
No total, mais de 1.100 civis foram mortos e pelo menos 10 mil presos na brutal repressão na Síria desde 15 de março, segundo entidades pelos direitos humanos. O governo insiste que o levante é fruto de "gangues terroristas armadas" apoiadas por islamitas e agitadores estrangeiros.