Irmandade Muçulmana diz que penas são "novo crime do golpe"
A Irmandade Muçulmana classificou de "injusta" e de "novo crime do golpe militar" a decisão da justiça que condenou à pena de morte 528 de seus seguidores por atacarem prédios do governo e delegacias no Egito.
Em sua página oficial na internet, o grupo disse que os juízes egípcios estão "submetidos aos militares" e que a sentença significa um "fato sem precedentes na história da justiça".
Um porta-voz da Irmandade Muçulmana, afirmou que a decisão pretende intimidar os manifestantes diante do iminente anúncio da candidatura do chefe do exército, Adelfatah al Sisi, à presidência.
Um total de 528 simpatizantes da Irmandade Muçulmana e do ex-presidente Mohammed Mursi foram condenados à pena de morte nesta segunda-feira (24) no Egito por atacar delegacias e edifícios do governo.
O Tribunal Penal de Minia, no sul do Cairo, enviou o processo ao mufti do país, Shauqi Alam, a máxima autoridade religiosa, para que emita sua sentença - não vinculativa - sobre este caso.
Desde o golpe militar de 3 de julho contra Mursi, milhares de seguidores da confraria foram detidos e dezenas deles condenados, mas até agora não a pena de morte não havia sido decretada a nenhum deles.
A corte, presidida pelo juiz Said Youssef, absolveu outros 17 membros e partidários da Irmandade processados na causa, cujo decisão deverá ser confirmada pelo mesmo tribunal em 28 de abril, logo depois de ser conhecida a opinião do mufti.
Os condenados foram considerados culpados de uma série de ataques a edifícios do governo e a delegacias na província de Minia, em protesto pelo violento despejo policial dos acampamentos dos islamitas no Cairo em agosto.
Um desses ataques teve como alvo a sede policial da cidade de Matai, onde foi assassinado o assistente do delegado, o coronel Mustafa Ragab. Os membros da Irmandade também foram condenados por tentativa de homicídio, roubo de armas e de incendiar o edifício.
Segundo vários veículos de comunicação egípcios, só 147 dos acusados estão presos, e o resto foi julgado à revelia.
A audiência do julgamento aconteceu entre estritas medidas de segurança. As ruas que dão acesso à sede do tribunal foram bloqueados pela polícia.
Os islamitas mantiveram seus protestos contra as autoridades interinas do Egito desde julho passado, apesar das detenções e da morte de centenas de pessoas por causa da repressão policial nestes meses.
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