A polícia encontrou 60 corpos nas últimas 24 horas em Bagdá, a maioria amarrados e com marcas de tortura, disseram autoridades na quarta-feira, em mais uma prova de que os esquadrões da morte continuam agindo na capital, apesar da repressão.
Além disso, dois carros-bomba mataram 22 pessoas e feriram 76 durante a manhã. O primeiro explodiu diante da sede do batalhão de trânsito da capital iraquiana, matando 14 policiais. O outro teve como alvo guardas em uma central elétrica na zona leste da cidade.
A morte de mais um soldado americano foi confirmada na província de Anbar, onde o comandante negou que sua força tenha perdido o controle para a Al-Qaeda e para outros insurgentes sunitas, mas disse que a estabilização da região, no oeste do Iraque, será tarefa para políticos, militares e policiais iraquianos. Outro soldado dos EUA também foi morto durante a noite em Bagdá.
Líderes iraquianos e americanos dizem que a maior ameaça para o Iraque atualmente não é a insurgência sunita contra a ocupação americana, e sim o conflito entre a minoria sunita e a maioria xiita.
O Ministério do Interior e fontes policiais disseram que 60 corpos não-identificados foram achados em várias partes da capital entre terça e quarta-feira. As mortes eram recentes.
Quinze corpos foram encontrados espalhados, alguns em pilhas de lixo nas calçadas, perto da favela de Sadr City, reduto xiita na zona leste de Bagdá, segundo um funcionário. No bairro de Saidiya (sul), foram encontrados os restos mortais de cinco padeiros.
A maioria dos mortos tinha os membros amarrados e balas na cabeça, e muitos tinham sinais de tortura, segundo uma fonte do ministério.
Há dois meses, um relatório da Organização das Nações Unidas estimava que cem pessoas morriam por dia por causa do conflito sectário. Os EUA dizem que o reforço na presença militar nas ruas reduziu a "taxa de homicídios" em mais de 40% em agosto. A cifra inclui ataques individuais, mas não atentados maiores, como explosões de bombas.
Em julho, o necrotério de Bagdá recebeu 1.536 corpos não-identificados. Os funcionários do necrotério dizem que cerca de 90% dos corpos têm marcas de violência.
O Ministério da Saúde ainda não divulgou dados completos das mortes violentas em agosto. As cifras de julho põem o total em mais de 3 mil pessoas, concentradas em Bagdá, onde vivem mais de 25% da população iraquiana.
Por causa da violência, dezenas de pessoas fugiram de áreas onde são minoria, o que agrava a divisão entre sunitas, a oeste do rio Tigre, e xiitas, a leste.
O primeiro-ministro iraquiano, Nuri al-Maliki, tenta criar um "plano de reconciliação nacional", mas esbarra em inúmeras diferenças, como a autonomia regional dos xiitas do sul, uma região rica em petróleo.
O ex-ditador Saddam Hussein continua sendo julgado em Bagdá por um massacre de curdos ocorrido em 1988. A promotoria pediu que o juiz se demitisse por ser tolerante demais com os discursos e comentários intimidadores dos réus. O juiz rejeitou o pedido.
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