Imagem de satélite mostra a tempestade tropical Dorian sobre o Oceano Atlântico| Foto: Divulgação/NOAA/RAMMB/AFP

Ao longo de seu caminho nos últimos 13 dias, o furacão Dorian assustou Porto Rico, destruiu o norte das Bahamas, passou de raspão pela Flórida e varreu o litoral da Geórgia e das Carolinas. Mais fraco, agora ele segue para o Atlântico Central em seu penúltimo ato antes de partir para as províncias marítimas do Canadá, no fim de sábado (7).

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Na manhã desta sexta-feira (6), o Dorian fez sua primeira aterrissagem em solo americano. Seu epicentro passou sobre Cabo Hatteras, litoral da Carolina do Norte. Vários locais ao longo dos Outer Banks registraram rajadas de vento de até 150 km/h, o que faz do Dorian um furacão de categoria 1 - quando atingiu as Bahamas, era de intensidade 5.

A trajetória prevista pelo Centro Nacional de Furacões dos EUA mostra que ao longo desta sexta-feira o Dorian deve se mover para o nordeste, se afastando da costa americana a cerca de 22 km/h. Ele também enfraquecerá à medida em que interage com a terra, passa por águas mais frias e é exposto ao cisalhamento do vento (ventos se movendo em diferentes velocidades ou direções). Porém, deve continuar sendo um furacão de categoria 1 até a tarde de sábado, quando deve se tornar uma tempestade tropical sobre as províncias marítimas canadenses (Ilha do Príncipe Eduardo, New Brunswick e Nova Escócia), segundo o centro.

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Em sua passagem pela Carolina do Sul e pela Carolina do Norte, nesta quinta-feira (5), o Dorian causou inundações, fortes ventos e até tornados. Na ilha de Emerald, na Carolina do Norte, casas foram destruídas.

Infográficos Gazeta do Povo[Clique para ampliar]

Bahamas tenta renascer após furacão

O governo de Bahamas suspendeu o alerta para o furacão Dorian e começou o lento processo de reconstrução do arquipélago, que foi devastado pela tempestade. Segundo balanço divulgado nesta quinta-feira (5), foram 30 mortos, 13 mil casas destruídas e US$ 7 bilhões em prejuízos.

Em Marsh Harbour, o cenário é caótico: casas completamente destruídas, carros virados, pilhas de escombros e inundações generalizadas. Pessoas mascaradas com trajes protetores carregavam cadáveres em bolsas verdes sobre a plataforma de um caminhão. Alguns moradores, ainda aturdidos, saíam às ruas arrastando malas com seus pertences mais valiosos.

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"Na minha ilha (Ábaco), não sobrou nada. Nem bancos, nem lojas, nada", disse Ramond King, morador de Marsh Harbour, enquanto revirava o que restou de sua casa. "Não sobrou nada, só corpos."

No fim de semana, o Dorian chegou à categoria 5 - a máxima na escala Saffir-Simpson - antes de atingir as Bahamas, com ventos de quase 300 km/h. A extensão dos danos começou a ser conhecida na quinta-feira, à medida que as equipes de socorro conseguiram percorrer a região afetada para resgatar sobreviventes e levar ajuda às vítimas.

Como o serviço de telefonia entrou em colapso, em muitas áreas, moradores publicaram listas de parentes e amigos desaparecidos nas redes sociais. O primeiro-ministro das Bahamas, Hubert Minnis, disse que o furacão deixou uma "devastação geracional". Na quinta-feira, Minnis alertou que o número de mortos deve aumentar nas próximas horas.

"É um inferno por todos os lados", disse Brian Harvey, um canadense que vive na ilha de Ábaco. "Precisamos sair daqui. Passaram-se já quatro ou cinco dias. É hora de ir embora." Steven Turnquest, que foi de Marsh Harbour para a capital Nassau com seus filhos, de 4 e 5 anos, disse que tem sorte de estar vivo. "Vejo meus filhos e agradeço a Deus. Peço a ele que me leve, mas não leve meus filhos. Sobrevivi ao furacão me segurando em uma porta", contou.

A consultoria de risco Karen Clark & Co. calculou em US$ 7 bilhões os prejuízos causados pelo furacão - apenas nas Bahamas. A estimativa leva em conta bens segurados e não segurados, incluindo a destruição de propriedades residenciais, comerciais e industriais, mas exclui veículos e danos à infraestrutura.

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A ONU estima que 76 mil pessoas estejam precisando de ajuda nas Bahamas, 60 mil na forma de comida. A organização disse que enviará oito toneladas de alimentos ao país. A ajuda internacional também vem da Guarda Costeira americana e da Marinha Real britânica, que entraram ontem nos esforços de resgate. Segundo os EUA, 135 pessoas foram resgatadas no arquipélago, com 10 helicópteros e 3 barcos.