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Antiterrorismo

Mais poder à polícia inglesa

Londres – O governo britânico está preparando novas leis antiterroristas que dariam pela primeira vez direito à polícia de deter e interrogar uma pessoa sem que exista "suspeita razoável" de que cometeu algum crime. Qualquer pessoa que se negue a cooperar com a polícia e não responda suas perguntas poderia receber uma multa equivalente US$ 9,9 mil, publicou ontem o jornal The Sunday Times.

Essa medida, utilizada até agora apenas na Irlanda do Norte, faz parte de uma série de instrumentos legislativos estudada pelo ministro do Interior britânico, John Reid. O ministro, considerado um dos mais fiéis ao primeiro-ministro Tony Blair, deixará o cargo no final de junho, junto com o chefe de Governo.

John Reid não quis responder às críticas de que o governo está tentando tramitar essas leis pela via rápida, antes de Blair ser substituído pelo ministro das Finanças, Gordon Brown, em 27 de junho.

Blair foi acusado de querer atar as mãos de seu sucessor com outras decisões igualmente polêmicas, como a renovação do sistema de mísseis estratégicos nucleares Trident. Os grupos de defesa dos direitos civis já expressaram seu alarme diante das medidas em estudo.

Segundo a diretora da organização Liberty, Shami Chakrabarti, "não se deve dar poderes à polícia para que pare e interrogue as pessoas nas ruas, porque pode criar uma impressão de caçada humana. "Deter as pessoas dessa forma será contraproducente, porque muitos se sentirão criminalizados", disse a advogada. Para Jane Winter, diretora de outra organização de defesa dos direitos civis, a British Irish Rights Watch, a medida proposta equivale a utilizar um martelo gigante para quebrar uma noz.

No entanto, Tony Blair parece ver de outra forma. Em artigo também publicado pelo Sunday Times, o premiê declarou que considera "perigoso" antepor as liberdades civis dos "extremistas" à segurança do país e afirma que esse "extremismo que atua no mundo todo" não se parece com nenhum dos perigos que enfrentaram antes. "Por isso é necessário combatê-lo com todos os meios à disposição", disse.

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