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Equipamento integrante do experimento Opera, que levou três anos estudando os neutrinos para descobrir que a partícula pode viajar 90 nanossegundos acima da velocidade da luz | Reuters
Equipamento integrante do experimento Opera, que levou três anos estudando os neutrinos para descobrir que a partícula pode viajar 90 nanossegundos acima da velocidade da luz| Foto: Reuters

Percurso

Neutrinos viajaram 730 quilômetros da Suíça até a Itália

Para o experimento Opera, cientistas do instituto de pesquisa CERN injetaram neutrinos – muitas vezes chamados de partículas fantasma porque conseguem atravessar matéria e corpos humanos sem serem percebidos – do CERN, na Suíça, 730 quilômetros até Gran Sasso, ao sul de Roma.

Ao longo de três anos, e de 15 mil "eventos" neutrinos, um enorme detector no centro italiano, localizado profundamente debaixo de rochas montanhosas, registrou o que o porta-voz do Opera, Antonio Ereditato, descreveu como sendo descobertas "espantosas".

Ele disse que sua equipe tinha alta confiança de que haviam realizado as medições corretamente e excluiu qualquer possibilidade de influência externa, ou artefatos, que poderiam ter afetado o resultado. "Meu sonho agora é que outros colegas descubram que estamos certos", acrescentou.

Segundo a Teoria da Relatividade Especial, de Einstein, que fundamenta a atual visão sobre o funcionamento do universo, nada pode viajar mais rápido do que a luz porque sua massa se tornaria impossivelmente infinita.

A teoria de Einstein foi testada milhares de vezes nos últimos 106 anos e apenas recentemente houve pequenos indícios de que o comportamento de algumas partículas elementares de matéria podem não seguir a teoria.

Esses indícios foram detectados no ano passado pelo experimento Minos, do Fermilab, com neutrinos – mas, diferente daqueles do Opera – estavam dentro da margem de erro.

  • Para Stephen Hawkings, ainda é cedo para comentar a teoria

Genebra - Cientistas descobriram que partículas subatômicas são capazes de viajar mais rápido que a velocidade da luz – 300 mil quilômetros por segundo. Se a teoria for confirmada de maneira independente – o que ainda não aconteceu –, a consequência mais notável seria uma ampla reavaliação das teorias sobre a composição do cosmos.

O resultado foi obtido dentro do experimento Opera, realizado por um grupo de pesquisadores do CERN, sigla para a Organização Europeia para Pesquisa Nuclear. A teoria foi apresentada ontem por Dario Auterio, chefe do grupo que trabalha com os neutrinos, em Genebra, na Suíça.

O CERN disse que medições feitas durante três anos revelaram que neutrinos (cuja existência foi confirmada em 1934) injetados em um receptor em Gran Sasso, na Itália, haviam chegado em média 60 nanossegundos mais rápido do que a luz teria feito – uma diferença minúscula que poderia, no entanto, minar a teoria da relatividade especial de Albert Einstein, de 1905.

"Afirmações extraordinárias exigem provas extraordinárias, e essa é uma afirmação extraordinária", disse o cosmologista e as­­trofísico Martin Rees.

"É prematuro comentar sobre isso", disse o professor Stephen Hawking, talvez o físico mais conhecido do mundo. "Mais experimentos e esclarecimentos são necessários."

A professora Jenny Thomas, que trabalha com neutrinos no Fermilab, rival do CERN localizado em Chicago, nos EUA, afirmou que o impacto dessa medição, se estiver correta, "seria enorme".

O diretor de pesquisa do próprio CERN, Sergio Bertolucci, disse que se as descobertas forem confirmadas – e ao menos dois laboratórios separados devem começar a trabalhar nisso no futuro próximo – "poderá mudar nossa visão da física".

O alto nível de cautela é normal nas ciências, onde qualquer coisa que poderia ser uma descoberta inovadora, especialmente aquelas que poderiam romper com pensamentos há muito tempo, é sempre verificada e reconfirmada por outros pesquisadores.

A descoberta poderá abrir as portas para intrigantes possibilidades teóricas. "A velocidade da luz é uma velocidade cósmica limite e existe para proteger a lei de causa e efeito", disse Jeff Forshaw, professor de Física de Partículas na Universidade de Manchester, na Grã-Bretanha. "Se algo viaja mais rápido do que a velocidade cósmica limite, então se torna possível enviar informações para o passado – em outras palavras, a viagem para o passado poderia se tornar possível. No entanto, isso não significa que estaremos construindo máquinas do tempo em algum momento próximo – existe um grande abismo entre a viagem no tempo de um neutrino e a viagem no tempo de um ser humano", disse.

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