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5.072 metros

Mal da montanha atormenta passageiros de trem do Tibete

A viagem inaugural do trem que liga Pequim a Lhasa, no Tibete, passou por seu ponto mais alto na segunda-feira, fazendo muitos passageiros recorrerem a garrafas de oxigênio para evitar o mal da montanha.

Enquanto o trem subia, vários passageiros ligavam os tubos a suas narinas ao mesmo em que avisos pediam aos presentes que evitassem movimentos bruscos, capazes de provocar tontura. Tudo isso apesar de o trem contar com cabines pressurizadas.

Cerca de um terço dos que viajavam com as passagens mais baratas, em sua maioria estudantes tibetanos, sentiu-se mal.

- Chegamos agora ao topo. Estou com tontura, náusea e dor de cabeça - disse Wu Jia, de 32 anos, um turista chinês.

Passageiros de mais idade, dando sinais de desconforto, deitaram-se, crianças choraram e alguns recorreram aos banheiros no momento em que sentiram enjôos.

O trem saiu de Pequim no sábado à noite e deve chegar a Lhasa na segunda-feira, também à noite, depois de uma viagem de quatro mil quilômetros, encerrando três dias de propaganda oficial sobre a ligação ferroviária entre o isolado Tibete e o restante da China.

Pouco depois do meio-dia, a composição encaminhava-se para a passagem de Tangula, que, situada 5.072 metros acima do nível do mar, é o trecho de ferrovia de maior altitude do mundo. Neste pedaço, a linha atravessa o desolado platô tibetano.

Lhasa, a capital do Tibete, deixa muitos visitantes sem ar. A cidade fica a 3.650 metros de altura.

O presidente chinês, Hu Jintao, chamou a ferrovia de um "milagre" da engenharia quando a inaugurou oficialmente, relatou o jornal "China Daily" na segunda-feira.

Mas a construção atraiu críticas de defensores da autonomia tibetana. Para esses, os trens vão levar à região turistas e migrantes afastados dali há muito tempo, ameaçando a identidade cultural dela.

- Esse trem é muito confortável. É possível ver cenários muito bonitos, muitas nuvens, vários rebanhos de iaques (uma espécie de boi tibetano) e um grande número de animais selvagens - afirmou o tibetano Mima Cering, que freqüenta a Academia de Polícia em Pequim. - Esse trem significa que o Tibete deixará de ser tão misterioso para os que não são de lá. Claro que isso terá um impacto sobre nossa cultura, mas isso aconteceria cedo ou tarde.

O Exército da China comunista ocupou a região montanhosa em 1950. Nove anos mais tarde, depois de uma tentativa fracassada de levante, o líder espiritual do Tibete, Dalai Lama, fugiu para a Índia.

Desde então, o governo chinês mantém o território sob um controle rígido, temendo que os tibetanos contestem a presença chinesa ali.

Soldados de uma milícia da China mantinham guarda a cada 500 metros, ao longo de toda a linha do trem, enquanto a composição passava pelas montanhas de pico nevado, planícies peladas e grupos de iaques e antílopes tibetanos.

Comboios formados por caminhões militares e outros veículos das forças de segurança também acompanham a trajetória do trem.

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