Buenos Aires A ministra da Economia da Argentina, Felisa Miceli, renunciou ontem ao cargo, informou seu porta-voz, Silvio Robles. "Oficialmente, confirmo sua renúncia", disse o Robles aos jornalistas no Palácio da Fazenda. Miceli deixa o cargo após suspeitas de participar de um escândalo de corrupção.
Segundo a imprensa argentina, no início de junho uma brigada antiexplosivos da Polícia Federal achou no banheiro do escritório de Miceli uma maleta com o equivalente a US$ 241 mil. Mas porta-vozes do Ministério da Economia disseram que o valor era de quase US$ 64 mil.
Miceli é acusada de ocultar a ata lavrada pelos policiais, na qual consta o montante encontrado. A Procuradoria de Pesquisas Administrativas, um órgão de controle estatal, abriu uma investigação.
Ontem, um promotor pediu a abertura de inquérito contra a ministra para apurar a origem do dinheiro, sob a suspeita de que Miceli escondeu a bolsa para encobrir a suposta origem ilícita do montante.
A situação de Miceli se complicou com a conclusão do promotor, que afirmou ter "reunido provas suficientes" para suspeitar que a ministra incorreu no crime de "descumprimento dos deveres de funcionária pública, subtração de documento público e encobrimento".
Miceli é a primeira integrante do governo do presidente Néstor Kirchner denunciada à Justiça por um suposto caso de corrupção.
A renúncia ocorre a três dias do lançamento oficial da candidatura presidencial de Cristina Fernández de Kirchner, atual senadora e primeira-dama da Argentina.
Os mercados argentinos estavam tranqüilos ontem, já que a renúncia de Miceli não implicaria solavancos na economia. A Bolsa de Buenos Aires registrou queda de 1,7%, mas, segundos os analistas, por motivos externos.
Substituto
O novo ministro de Economia da Argentina é o atual secretário de Indústria, Miguel Peirano, segundo divulgaram as emissoras de tevê argentinas. Peirano é ex-economista da União Industrial Argentina (UIA) e grande defensor da indústria local. O anúncio oficial seria feito ainda ontem à noite, segundo fonte da Casa Rosada.
