Cristina Kirchner, presidente da Argentina, falou nesta semana a um comitê da Organização das Nações Unidas (ONU). "Não somente as Malvinas são argentinas como são parte dos contornos sul-americanos", disse ela, que pediu para dialogar com o Reino Unido sobre quem é que manda no arquipélago. Apesar da proximidade com o país latino-americano (550 km), as ilhas são território britânico (a 14.000 km de distância).
A ONU, na figura do secretário-geral, Ban Ki-moon, aprovou o pedido de Cristina, enquanto o primeiro-ministro britânico, David Cameron, dias antes, se mostrou contra qualquer tipo de diálogo que envolva as palavras "Malvinas" e "Argentina".
Um referendo planejado para o ano que vem deve ouvir os quase 3 mil malvinenses, cuja assombrosa maioria, de acordo com pesquisas, quer continuar sob o mando da rainha Elizabeth II.
As Ilhas Malvinas são um entre os 14 territórios britânicos ultramarinos (confira infográfico). Antes, esses "territórios" eram chamados simplesmente de "colônias". Talvez tenham criado um termo politicamente correto para se referir aos países que preferem continuar sob o guarda-chuva da família real.
A geopolítica que envolve o Reino Unido é cheia de sutilezas. Imagine um alvo como gráfico: existe um círculo no meio e arcos ao redor deste.
No centro, estão as quatro nações da Coroa: Inglaterra, Escócia, País de Gales e Irlanda do Norte.
As Ilhas do Canal e a Ilha de Man pertencem aos britânicos, mas não fazem parte do Reino Unido. São as chamadas dependências da Coroa, no primeiro arco ao redor do centro.
No arco seguinte, estão os 14 territórios ultramarinos (ou, com o perdão da palavra, as "colônias"). Desses, quase todos são ilhas, à exceção de um naco de terra e gelo na Antártida.
Quando os territórios de ultramar se tornaram independentes, eles entraram para a Comunidade das Nações a "Commonwealth of Nations" , "que reúne as antigas colônias britânicas ou países com alguma ligação histórica com a Inglaterra", explica Wilson Maske, professor de História na Pontifícia Universidade Católica do Paraná.
Os reinados dentro da Commonwealth estão no arco mais distante do alvo. São países como Austrália e Canadá, ex-colônias que mandam no próprio nariz, mas que ainda cantam o hino "God Save the Queen".