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Malvinenses mostram patriotismo britânico durante votação no referendo

Morador das Ilhas Malvinas vestido com as cores da bandeira britânica vota durante referendo sobre status político da região | REUTERS/Marcos Brindicci
Morador das Ilhas Malvinas vestido com as cores da bandeira britânica vota durante referendo sobre status político da região (Foto: REUTERS/Marcos Brindicci)

Os malvinenses mostraram neste domingo (10) seu lado mais patriótico ao saírem para votar no referendo convocado pelas autoridades locais para que expressem sua opinião sobre se desejam continuar como território do Reino Unido.

O desdobramento da Union Jack (bandeira britânica) marcou o primeiro dos dois dias de eleições, no qual muitas pessoas foram aos centros eleitorais vestindo as cores da bandeira do Reino Unido.

Em um dia muito frio e nublado, embora com pouca chuva, os habitantes deste arquipélago formaram fila desde 10h (horário de Brasília) para votar se querem continuar sob soberania britânica, em resposta à reivindicação territorial da Argentina, país que está a menos de 600 quilômetros.

As cores azul, vermelho e branco (Union Jack), junto à bandeira malvinense, estão em todas partes: nas casas, nos veículos, no supermercado da capital Port Stanley, nas lojas de presentes, além dos edifícios públicos e o "pub" local.

Com suas casas de estilo britânico e telhados de cores chamativas como o vermelho, o verde e o azul, Port Stanley viu sua paz habitual alterada pela grande expectativa que o referendo provocou e a presença da imprensa.

O fato mais curioso deste primeiro dia foi protagonizado por um malvinense que foi votar vestindo colete e sapatos com a bandeira britânica, que inclusive fez com que os legisladores locais e as pessoas se divertissem, além de ter dançado enquanto votava.

Outro malvinense desafiou as baixas temperaturas para votar com uma camiseta em que demonstrava o resultado de uma partida de futebol: Inglaterra 1- 0 Argentina.

O primeiro a depositar o voto na capital foi um britânico de 79 anos, Graham France, nascido no condado de Sussex, ao sul da Inglaterra, mas que está a 23 anos vivendo nas Malvinas.

France disse hoje à Agência Efe que a intenção deste referendo é dizer "ao resto do mundo como nos sentimos" e por que a população considera que a Argentina não tem direito de reivindicar as ilhas Malvinas.

Outra eleitora, Nancy Poole, declarou à Efe que é a favor "de que as coisas estejam como estão" e que o referendo ajude "a dizer ao mundo o que queremos", enquanto outra eleitora, Jackie Summers, também concordou que "o mundo tem que escutar os malvinenses".

Summers, a cargo de uma empresa pesqueira, afirmou à Efe que a população está aberta para manter contato com a Argentina para falar de assuntos como o turismo ou o comércio, mas não da soberania.

Para Karen Amstrong, uma professora britânica casada com um malvinense e que vive há 15 anos na ilha, este território do Atlântico Sul é um "lugar incrível", com gente sociável que quer dizer à Argentina que "é hora de amadurecer, porque nós estamos aqui e temos direito de existir" como comunidade.

A uruguaia de Dhiana Burucua, de 23 anos e que vive na ilha há 10 anos, também tem o direito de votar por conta da cidadania obtida.

Dhiana, que tem três trabalhos, disse à Agência Efe que gosta da segurança que há nas ilhas, onde tem seu grupo de amigos e é a favor que se mantenha a soberania do Reino Unido.

As autoridades locais estimam que 70% das quase 1.700 pessoas convocadas para o referendo já votaram.

A votação do referendo termina às 18h (horário de Brasília) de amanhã e o resultado é esperado para 22h (de Brasília).

Observadores

Este referendo contou com a supervisão de vários observadores internacionais, cujos nomes e nacionalidades as autoridades locais não quiseram revelar.

No entanto, espera-se que uma vez declarado o resultado, os observadores apresentem à imprensa um relatório sobre o referendo. Por sua vez, a embaixadora argentina em Londres, Alicia Castro, disse que o referendo não coloca um ponto final na disputa sobre a soberania das ilhas entre Argentina e o Reino Unido.

A consulta não "põe fim à disputa por soberania", sustentou Castro em declarações aos meios de imprensa argentinos e acrescentou que o Reino Unido tem a "obrigação de "entender que é o direito internacional o que rege na relação entre os Estados".

Argentina e o Reino Unido enfrentaram uma guerra pela posse das ilhas do Atlântico Sul, que começou em 2 de abril de 1982, quando os militares argentinos ocuparam as Malvinas, e que terminou em 14 de junho desse ano com a rendição argentina e a morte de quase mil de pessoas.

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