Justiça
Petroleira britânica é apontada como responsável
AFP
A gigante de petróleo BP foi declarada ontem pelo governo Obama como "responsável" pelo desastre ecológico no Golfo do México. O grupo britânico foi denunciado à Justiça na quarta-feira por "negligência" e "poluição" por dois criadores de camarões da Louisiana. Eles exigem milhões de dólares de indenização a título de prejuízos e danos, em nome de todas as vítimas econômicas da enorme mancha de óleo que se espalha.
A BP administrava a plataforma que naufragou no Golfo do México, após uma explosão na qual desapareceram 11 funcionários. A secretária americana de Segurança Interior, Janet Napolitano insistiu ontem sobre a "responsabilidade" do grupo na tragédia.
"De acordo com a lei e com o presidente (Obama), a BP é responsável e deve financiar o custo com as operações de despoluição", declarou.
Na queixa à justiça, os criadores de camarões culpam não apenas a BP, mas também a proprietária da estrutura, a Transocean, o fabricante Cameron, e a Halliburton encarregada da consolidação do poço, que também apresentou defeitos.
Principais desastres
Desde a década de 60, o planeta enfrenta vazamentos que colocam em risco a fauna e a flora:
- 1989, Alasca (EUA): 39 mil toneladas de óleo.
- 2007, Califórnia: 220 mil toneladas.
- 1979, Golfo do México: 1 milhão de toneladas.
- 1999, França: 20 mil toneladas.
- 1978, França: 230 mil toneladas.
- 1967, Reino Unido: 120 mil toneladas.
- 1996, Reino Unido: 147 mil toneladas.
- 1992, Espanha: 70 mil toneladas.
- 2002, Espanha: 50 mil toneladas.
- 1994, Rússia: entre 14 mil e 60 mil toneladas.
- 2006, Líbano: 15 mil toneladas.
- 1991, Golfo Pérsico: 1 milhão de toneladas.
A contaminação provocada pelo vazamento de óleo no Golfo do México, após a explosão de uma plataforma no último dia 21, pode atingir o litoral do estado de Louisiana a partir da noite de hoje, o que colocaria em risco os animais da região e também a indústria de pesca local, que fatura US$ 2,4 bilhões por ano. O alerta foi feito pelo governador de Louisiana, Bobby Jindal, que declarou estado de emergência diante da perspectiva classificada por ele como "arrasadora".
A decisão permite que as autoridades locais utilizem os recursos do estado e da ajuda federal para combater o impacto previsto pela contaminação.
O governo do presidente Barack Obama também ontem passou a considerar o vazamento de óleo como um desastre de "importância nacional", o que permitirá ao país alocar mais recursos para solucionar o problema.
O vazamento começou pouco depois da explosão da plataforma Deepwater Horizon, de propriedade da Transocean, mas que operava para a petroleira britânica. A BP acionou quatro submarinos para tentar conter o vazamento diretamente no poço de petróleo, situado a 1,5 quilômetro de profundidade. Até ontem à noite, as equipes não tinham conseguido ativar um sistema de válvulas para impedir o vazamento.
Segundo Mary Landry, almirante da Guarda Costeira norte-americana que está comandando a resposta do governo ao desastre, caso o poço não seja isolado, o vazamento pode ser o pior já registrado na história dos EUA, equiparando-se ao ocorrido em 1969 na Califórnia e ao registrado em 1989, no Alasca. O vazamento desta semana já é o maior registrado no país em uma década. Os dados mais recentes indicam que aproximadamente 1,5 milhão de galões (um galão corresponde a 4,54 litros) de petróleo já foram despejados no Golfo do México.
A mancha formada pelo vazamento possui um diâmetro de aproximadamente 965 quilômetros. As equipes de limpeza tentaram queimar o óleo em uma das regiões com maior concentração do produto na quarta-feira, mas esse tipo de abordagem foi suspensa por tempo indefinido por causa dos ventos fortes que atingem a região e da maré alta prevista para o final de semana.
Autoridades do governo acreditam que cerca de 5 mil barris de petróleo por dia estão vazando no Golfo do México, volume cinco vezes maior do que o estimado no início da semana.
David Pellow, professor da Universidade de Minnesota especializado em questões do meio ambiente, estima que a maré negra irá provocar uma catástrofe ecológica e econômica em zonas já colocadas duramente à prova pelos furacões Katrina e Rita. "O que é certo, a partir de agora, é que o meio ambiente e a economia da região do Golfo do México vão ser novamente postos à prova, depois de atingidos de maneira irremediável", afirmou.
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