Cidade do Cabo - O ex-presidente sul-africano Nelson Mandela foi liberado ontem depois de ficar dois dias internado num hospital e seguirá fazendo um tratamento em casa, informou o cirurgião geral do Exército, Vejaynand Ramlakan. O líder do movimento antiapartheid, de 92 anos, deixou o hospital em uma maca, com a cabeça quase totalmente coberta, e foi levado de ambulância para casa.
"Em termos médicos, não há necessidade para pânico. O doutor Mandela sofre de indisposições comuns a pessoas de sua idade e limitações que se desenvolveram ao longo dos anos", afirmou o vice-presidente Kgalema Motlanthe, em comunicado. "Nós devemos recordar que ele já sofreu de tuberculose enquanto estava em Robben Island [na prisão] e já teve infecções respiratórias anteriores."
Motlanthe disse anteriormente que o ex-presidente estava com o moral elevado e havia sido visitado por familiares e amigos. Primeiro líder democrático do país, Mandela passou 27 anos na prisão na época do regime segregacionista do apartheid. Segundo o vice-presidente, ele passou por exames especializados e investigações clínicas.
"Ainda não"
Uma fonte próxima de Mandela disse na quinta-feira que ele estava "bem doente", mas isso "não representava risco de vida". "Ele veio para um check-up mas o médico decidiu mantê-lo [no hospital] para observação. Ele ainda não está bem, mas nós esperamos que ele seja liberado amanhã [ontem]", disse a fonte.
A breve visão do líder sul-africano saindo do hospital em uma maca simbolizou o afastamento de Mandela da vida pública. Os sul-africanos ficaram contentes com a notícia de que ele está se recuperando, mas reconhecem que o ícone político está esmorecendo.
"Todos estão pesarosos e dizendo agora não", disse Patricia Ramaila, que durante quatro anos viveu na mesma rua que Mandela. "Nós ainda precisamos de uma pessoa como Mandela."
Mandela, que se tornou o primeiro presidente negro da África do Sul, começou a se afastar da vida pública em 2004. Nos últimos anos ele apareceu em público cada vez menos.
O vice-presidente Kgalema Motlanthe, que comanda o país enquanto o titular Jacob Zuma está no exterior, disse que a comunicação deveria ter sido melhor conduzida.