Os manifestantes portugueses entraram em confronto com a polícia nas proximidades do Parlamento de Lisboa nesta quinta-feira (24) durante uma das manifestações da greve geral em Portugal, que terminou sem registros de grandes incidentes.
Ao término de uma manifestação realizada para apoiar a greve convocada pelas centrais sindicais, as forças de segurança tiveram que agir para repreender os manifestantes, que lançavam objetos e derrubavam as grades de segurança.
Após o confronto, as autoridades prenderam alguns manifestantes, entre dois e sete, segundo diversas fontes. Além dos detidos, o incidente acabou com dois feridos, sendo um policial. No entanto, não foram registrados maiores confrontos entre polícia e manifestantes.
A chamada plataforma social "15 de outubro", herdeira do movimento luso "Geração à Rasca" (Geração em apuros), foi uma das principais responsáveis por esta manifestação, que coincidiu com outros 30 protestos sindicais realizados nas principais cidades de Portugal. As outras manifestações não registraram incidentes.
Movimento
Esse movimento cidadão sem filiação partidária, que rejeita a falta de representatividade do atual sistema democrático português, protestava contra as medidas de ajuste e a submissão da política aos interesses econômicos.
"É o momento do mercado e da classe política entenderem que não podemos admitir todo tipo de cortes e justificativas. Queremos que nos expliquem para onde vão os recursos", protestava o espanhol Pedro N., um ativista do "15 de outubro" que mora em Lisboa há mais de uma década.
Em declarações à Agência Efe, o manifestante, de 35 anos explicou que seu movimento exige ao poder político e econômico que "escutem" seus pedidos e suas reivindicações para uma possível "mudança de atitude".
Mensagens contra o Fundo Monetário Internacional (FMI), que emprestou junto com a União Europeia (UE) 78 bilhões de euro para Portugal, e palavras de ordem em protesto contra o desemprego e os cortes sociais marcaram a manifestação.
"Estou muito preocupada com o rumo do país e com as políticas que estão sendo adotadas", disse a portuguesa Inés Mestre, de 29 anos, participante da manifestação e defensora da greve geral, a segunda que foi realizada neste ano em Portugal.
A Confederação Geral de Trabalhadores de Portugal (CGTP, comunista) e a União Geral de Trabalhadores (UGT, socialista), que coordenaram as manifestações, comemoraram o resultado do protesto, que causou distúrbios nos meios de transportes e zonas industriais de Lisboa.
Os dados do Governo português, no entanto, mostraram uma baixa incidência da greve no setor público, onde apenas 10,48% dos funcionários participaram da paralisação geral.