Manifestantes irritados com a queima do Alcorão por um pastor dos Estados Unidos mataram na sexta-feira até 20 funcionários da ONU durante a invasão de um complexo da entidade em Mazar-i-Sharif, uma cidade normalmente pacífica no norte afegão.

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O porta-voz da ONU no Afeganistão, Dan McNorton, confirmou que sete empregados internacionais, incluindo funcionários diretos e agentes de segurança, foram mortos. Na sede em Nova York, as autoridades disseram que o número final de vítimas poderia chegar a 20.

McNorton afirmou, no entanto, que nenhum nacional afegão da missão foi morto, mas que a investigação sobre o incidente estava em andamento. Dois dos estrangeiros mortos teriam sido decapitados.

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O ataque começou quando um grupo retirou os guardas do complexo, escalou paredes e derrubou uma torre de vigilância, disse Lal Mohammad Ahmadzai, porta-voz da polícia nessa região no norte.

O governador da província de Balkh disse que após o ataque teve início uma batalha que durou várias horas. Essa situação levanta sérias questões sobre os planos das autoridades de tornar a cidade um modelo para a transferência de poder para as forças nacionais.

"Os insurgentes tiraram proveito da situação para atacar a área onde fica a ONU", disse o governador Ata Mohammad Noor. Ele afirmou numa entrevista coletiva à imprensa que muitos na multidão de manifestantes carregavam armas. Pelo menos 27 pessoas foram detidas por tomar parte no ataque, acrescentou.

A polícia e o Exército afegãos, dos quais a ONU depende para a proteção de sua primeira linha de defesa, aparentemente não tiveram condições de controlar a multidão. Há também tropas alemãs na província de Balkh e, segundo a coalizão liderada pela ONU, elas receberam um pedido de ajuda.

Um porta-voz da ONU disse que o ataque não fará com que a entidade deixe o Afeganistão. "Nós precisamos garantir a segurança de nossos colegas em Mazar-i-Sharif. Não é uma questão de sair. A ONU está aqui para ficar", disse Kieran Dwyer.

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O principal diplomata da ONU no Afeganistão, Staffan De Mistura, viajou para Mazar-i-Sharif para cuidar pessoalmente da situação. O russo que chefia a missão na cidade, Pavel Yershov, foi ferido no ataque e está hospitalizado, segundo a TV estatal da Rússia.

Pior ataque?

Se a cifra de mortos estiver correta, esse seria o pior ataque contra a ONU no Afeganistão e um dos maiores contra a organização nos últimos anos.

A cidade de Mazar-i-Sharif permaneceu relativamente calma enquanto a insurgência ganhava força em outras partes do norte afegão e, recentemente, foi escolhida como uma das primeiras áreas para a transição do controle feito por tropas da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) para as forças afegãs.

O pastor cristão Terry Jones, que no ano passado havia cancelado planos de queimar o Alcorão, após condenação internacional, supervisionou no domingo a queima do livro sagrado dos muçulmanos diante de um grupo de 50 pessoas, em uma obscura igreja do estado da Flórida, nos EUA, segundo seu website.

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Milhares de pessoas saíram às ruas de Heart, no oeste afegão, e outras cerca de 200 em Cabul para protestar contra o ato do pastor, mas não houve violência nessas manifestações.