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Vários líderes das manifestações antigovernamentais do Peru afirmaram nesta quarta-feira em Lima que não haverá "democracia nem paz" no país se a presidente Dina Boluarte não renunciar ao cargo.
"Não haverá democracia, não haverá paz, se a senhora Boluarte não ouvir o povo peruano", destacou o secretário-geral da Confederação Geral dos Trabalhadores do Peru (CGTP), Gerónimo López, durante entrevista coletiva realizada juntamente com lideranças de várias regiões que participam dos protestos.
O líder do maior grupo sindical do país acrescentou que, mesmo que Boluarte renuncie ao cargo, as manifestações continuarão se não houver também uma mudança na mesa diretora do Congresso, presidida pelo conservador José Williams Zapata.
Boluarte não tem vice-presidente e, no caso da sua renúncia, o presidente do Congresso assumiria a chefia do Estado por sucessão constitucional.
Durante a coletiva de imprensa, realizada na sede da CGTP, os dirigentes reforçaram que a paralisação convocada para esta quinta-feira exige a renúncia da governante, novas eleições para 2023, o fechamento do Congresso e a convocação de uma Assembleia Constituinte.
“Amanhã é uma paralisação cívico-popular nacional com mobilizações pacíficas”, disse López, antes de negar que haja intenção de promover “atos de vandalismo”.
Alguns dos participantes comentaram que "não é possível dialogar com este governo" e consideraram um "feito heróico" a viagem que cidadãos do interior do país fizeram para chegar a Lima.
"Lima ainda não reagiu e por isso as regiões estão aqui (...) para conscientizar", declarou Cristian Cubas, da região de Cajamarca, no norte do Peru.
Os protestos, que começaram em dezembro do ano passado, deixaram 41 manifestantes e um policial mortos, enquanto outras nove pessoas perderam a vida por várias causas relacionadas com os bloqueios de estradas.