Milhares de iemenitas marcham pelas ruas de Sanaa em apoio à queda do governo| Foto: Khaled Abdullah/Reuters

Milhares de pessoas saíram às ruas de todo o Iêmen nesta sexta-feira (23), algumas em apoio aos rebeldes xiitas que tomaram a capital do país e outras exigindo que o sul do país se separe do território iemenita, depois da renúncia do presidente e do seu gabinete, na quinta-feira.

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O presidente Abed Rabbo Hadi, aliado dos Estados Unidos em sua campanha contra o braço local da Al-Qaeda, deixou o cargo por causa da pressão dos rebeldes houthis, que exigem maior participação no governo. Uma parte dos moradores do sul do país, que se opõe à tomada de poder pelos xiitas saiu às ruas nesta sexta-feira para pedir a independência da região. O país foi unificado apenas em 1990, numa junção do Iêmen do Norte e do Iêmen do Sul.

Em Sanaa, tomada pelos houthis durante uma ofensiva em setembro, milhares de partidários dos rebeldes se reuniram na via que dá acesso ao aeroporto, agitando bandeiras verdes e faixas com o slogan "Morte aos Estados Unidos, morte a Israel, maldição aos judeus e vitória ao Islã", uma variação de um popular slogan iraniano, geralmente gritado por militantes xiitas no Iraque e partidários do Hezbollah libanês.

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Os houthis são are zaidis, uma minoria xiita que representa um terço da população iemenita. Seu movimento começou como uma pequena insurgência no norte do país, quando combateram o Exército durante anos, até 2010.

Acredita-se que após ser deposto do cargo de presidente em 2012, Ali Abdullah Saleh formou uma aliança com seus antigos inimigos e que tenha ajudado os houthis em seus avanços militares pelo país. Críticos dos houthis dizem que o grupo é apoiado e financiado principalmente pelo Irã, país de maioria xiita, algo que os rebeldes negam.

Os houthis por sua vez acusam Hadi de ser aliado da Al-Qaeda. O ramo local da rede terrorista - que segundo os Estados Unidos é o mais ativo e perigoso em todo o mundo - também se opõe aos houthis e já combateu os xiitas em várias frentes.

Postos de verificação controlados por combatentes houthis com rifles Kalashnikov e picapes com armamento antiaéreo pontuavam a capital. Milícias houthis também permaneciam do lado de fora da casa de Hadi, mantendo-o informalmente sob prisão domiciliar. Homens armados também mantinham cerco às casas de ministros do agora antigo governo.

No sul, milhares de manifestantes saíram às ruas da cidade de Áden levando a bandeira do antigo estado independente do Iêmen do Sul até o aeroporto local e para o prédio da sede das forças de segurança locais, disseram testemunhas.

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Representantes dos houthis, que também referem-se a si mesmos como Ansar Allah, disseram à Associated Press na quinta-feira que o grupo saúda a renúncia do governo e que no momento estuda diversos cenários para o próximo passo a ser tomado.

Dentre esses cenários, disse um representante, está a formação de um "conselho de salvação" com representantes do norte e do UL. Mas a iniciativa deve sofrer oposição de líderes políticos do sul, que são totalmente contrários à tomada de poder dos houthis na capital e em diversas outras cidades do país.

A organização não governamental Oxfam, que trabalha no Iêmen há ais de 30 anos, advertiu em novo relatório publicado nesta sexta-feira que o país está "à beira de um desastre humanitário, com milhões de vidas em risco".

Metade da população do país precisa de ajuda humanitária e quase um milhão de crianças sofre de desnutrição, diz o documento. A ONG pediu à comunidade internacional de ajude a encerrar o conflito.

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