Os manifestantes e a tropa de choque da polícia, que protagonizaram violentos enfrentamentos por cinco dias seguidos no centro de Kiev, chegaram a um acordo para uma trégua nesta quinta-feira (23), enquanto são esperados os resultados das negociações entre os líderes da oposição e o presidente da Ucrânia, Viktor Yanukovich.
O fim dos confrontos, que segundo a oposição deixaram seis mortos e centenas de feridos, foi uma proposta do líder do partido opositor Udar, Vitali Klitschko, e permanecerá em vigor até às 20h locais (16h de Brasília).
"Às 20h voltarei para informar sobre as negociações", afirmou o dirigente aos manifestantes reunidos em torno das barricadas instaladas em frente ao cordão policial, segundo a imprensa local.
Klitschko disse que o choque se comprometeu a não disparar bombas de efeito moral durante a trégua.
Ao mesmo tempo, pediu que não sejam desmontadas as barricadas, algumas com até quatro metros de altura, que os manifestantes ergueram no centro de Kiev.
O líder adiantou que nas negociações com Yanukovich a oposição colocará a revogação das leis repressivas que entraram em vigor ontem, a cassação não só do ministro do Interior, Vitali Zajarchenko, mas do gabinete em plenário, e a realização de eleições presidenciais antecipadas.
"As possibilidades que isso ocorra não são muitas, mas existem", disse Klitschko ao referir-se ao adiantamento das eleições presidenciais.
Os protestos antigoverno eclodiram no fim de novembro, quando o governo de Yanukovich renunciou provisoriamente a assinar um acordo de associação com a União Europeia.
Embora anteriormente haviam sido registrados alguns enfrentamentos entre opositores e policiais, até domingo passado, quando o centro de Kiev se transformou em um campo de batalha, os protestos tinham transcorrido de maneira pacífica.
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