Um cartaz que mostra a imagem de Mahsa Amini é erguido durante protestos que ocorreram no México em 2022| Foto: EFE/Mário Guzmán
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As iranianas Mersedeh Shahinkar e Afsoon Najafi, que perderam um olho e uma irmã, respectivamente, nos protestos após a morte de Mahsa Amini, receberam nesta terça-feira (12) o Prêmio Sakharov para a Liberdade de Pensamento em nome do movimento "Mulheres, Vida e Liberdade" e da mulher de 20 anos que perdeu a vida sob custódia da polícia do regime iraniano.

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Em uma cerimônia realizada em Estrasburgo, na França, a presidente do Parlamento Europeu, Roberta Metsola, enfatizou que "ninguém pode deter a coragem e a resiliência das mulheres iranianas" em sua luta por "justiça, liberdade e direitos humanos", personificadas por Mahsa Amini, "nem sua voz será silenciada".

A família de Amini foi retida pelas autoridades iranianas antes de deixar o país e só foi representada em Estrasburgo por seu advogado, Saleh Nikbakht, que garantiu que, embora tenha sido "cauteloso" em suas palavras porque teria que retornar ao Irã após sua viagem à Europa, o prêmio era uma "honra" para os parentes da falecida.

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Metsola, que considerou a proibição de viagem da família "outro sinal do que o povo iraniano enfrenta todos os dias", disse que a voz de Amini "alcançou o mundo inteiro graças a homens, mulheres, estudantes, acadêmicos e todos os tipos de pessoas nas ruas", graças ao movimento "Mulheres, Vida e Liberdade".

Estiveram presentes em Estrasburgo, em nome dessa iniciativa, Mersedeh Shahinkar, instrutora de fitness que foi baleada na repressão aos protestos, e Afsoon Najafi, cuja irmã perdeu a vida nas mesmas manifestações contra o regime iraniano e as restrições aos direitos das mulheres.

"Sua disposição de defender seus amigos e familiares que foram mortos ou presos inspira a todos. Sua coragem em apontar abusos e injustiças é um exemplo para o mundo inteiro. Saiba que você não está sozinha, que esta casa é seu lar e que sua coragem vencerá porque sua causa é a certa", declarou Metsola.

Amini, que morreu há pouco mais de um ano sob custódia da polícia iraniana depois de ser presa pela chamada "polícia da moralidade" por não usar corretamente o véu islâmico, foi indicada pelos três principais grupos do Parlamento Europeu para receber o prêmio de 50 mil euros, que recompensa uma contribuição extraordinária para a proteção da liberdade de consciência e é o maior tributo da UE ao trabalho de direitos humanos.

Mahsa Amini, "um espírito invencível como uma fênix".

Nikbakht, o advogado da família de Amini, leu uma mensagem emocionada da mãe da mulher assassinada, que disse que o luto por sua filha "durará para sempre" e ressaltou como era "magnífico" o fato de sua filha receber essa honra postumamente no país de nascimento de Joana D'Arc.

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"Quão significativa é a união dessas duas filhas inspiradoras da história ao longo dos séculos, de duas pessoas que, com sua morte, cruzaram fronteiras e reavivaram a aspiração humana por emancipação e liberdade. O nome de Jina Mahsa Amini tornou-se um código secreto para a liberdade e a expansão de seu sonho de liberdade do Curdistão iraniano para o mundo", disse o advogado em nome da mãe.

"Eles pensaram que matá-la a deteria da mesma forma que os opressores pensaram que queimar Joana D'Arc faria com que seus sonhos desaparecessem na fumaça. Eles não sabiam, e ainda não sabem, que das cinzas de Jina e Joana nascerá um espírito invencível como uma fênix", afirmou, sob os aplausos do plenário.

A morte de Amini provocou fortes protestos que, durante meses, pediram o fim da República Islâmica e só diminuíram depois de uma repressão que causou 500 mortes, a prisão de pelo menos 22 mil pessoas e na qual sete manifestantes foram executados, um deles em público.

Infográficos Gazeta do Povo[Clique para ampliar]