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Roe vs. Wade

Manifestantes pró-aborto partem para a violência e intimidação nos EUA

Ativistas favoráveis ao aborto em protesto em frente à casa do juiz Samuel Alito em Alexandria, no estado da Virgínia, na noite de segunda-feira (Foto: EFE/EPA/Kent Nishimura)

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Manifestações contra juízes da Suprema Corte e ações de vandalismo e atentados contra organizações antiaborto estão sendo registrados nos Estados Unidos desde a semana passada, quando a imprensa americana divulgou o rascunho de uma decisão majoritária do tribunal que deve derrubar a jurisprudência federal sobre o aborto no país.

Na noite de segunda-feira (9), ativistas que gritavam “abortem o tribunal!” estiveram em frente à casa do juiz Samuel Alito em Alexandria, no estado da Virgínia. Ele escreveu a decisão majoritária cujo rascunho foi divulgado pela imprensa americana.

No fim de semana, também houve manifestações ao redor das residências de outros dois juízes: segundo informações da BBC, na noite de sábado (7), um grupo de cerca de cem pessoas marchou da casa do juiz Brett Kavanaugh (um dos cinco magistrados que deliberaram pela revogação da decisão do tribunal no caso Roe vs. Wade) para a residência do presidente da Suprema Corte, John Roberts, em Chevy Chase, no estado de Maryland.

O governo Joe Biden, que é pró-aborto, condenou os protestos. “O presidente acredita fortemente no direito constitucional de protestar”, afirmou a secretária de imprensa da Casa Branca, Jen Psaki. “Mas isso nunca deve incluir violência, ameaças ou vandalismo. Os juízes desempenham uma função incrivelmente importante em nossa sociedade e devem ter condições de fazer seu trabalho sem ter que se preocupar com sua segurança pessoal.”

Na segunda-feira, o US Marshals Service, ligado ao Departamento de Justiça, informou que está ajudando as agências normalmente encarregadas da segurança dos juízes da Suprema Corte.

Em outros estados americanos, organizações antiaborto foram vítimas de atentados. Em Wisconsin, dois coquetéis molotov foram atirados no domingo (8) no escritório do grupo Wisconsin Family Action. Ninguém ficou ferido no ataque, no qual o fogo causou poucos estragos. Uma mensagem foi pichada numa parede: “Se o aborto não pode ser seguro, vocês também não ficarão [seguros]”.

Nesta terça-feira (10), um repórter do site de jornalismo investigativo Bellingcat informou no Twitter que um grupo que se autodenomina Jane's Revenge (“A vingança de Jane”) reivindicou o ataque e teria dito que este foi “apenas um aviso”.

“Exigimos a dissolução de todos os estabelecimentos antiescolha, clínicas falsas e grupos violentos antiescolha nos próximos 30 dias”, apontou o grupo em comunicado, cuja autenticidade está sendo investigada pela polícia.

Em Salem, no Oregon, coquetéis molotov também foram atirados na sede do grupo Oregon Right to Life no domingo. O incêndio foi pequeno e não provocou grandes danos, e não havia ninguém no prédio no momento do ataque.

No Colorado, duas igrejas católicas, uma delas famosa pela sua manifestação anual contra o aborto, foram vandalizadas na semana passada. Mensagens pró-aborto foram pichadas nas paredes e janelas foram quebradas. Todos os casos estão sendo investigados.

“Esse ataque não nos assusta. Em vez disso, ele fortalece a determinação das pessoas comuns, de bom senso, de todos os dias se levantarem e resistirem”, afirmou Julaine Appling, presidente do grupo Wisconsin Family Action, à Associated Press.

Na semana passada, o site Politico divulgou o rascunho de uma decisão que indica que a Suprema Corte deve reverter o entendimento do caso Roe vs. Wade, de 1973, que autorizou o aborto no país em determinadas circunstâncias, e devolver aos estados americanos a liberdade de legislar sobre o assunto. A decisão oficial deve ser divulgada até julho.

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