Grupos de manifestantes ligados a movimentos estudantis e sociais, ao PC do B e ao PT impediram a exibição de um filme ontem à noite em Feira de Santana, na Bahia, com a presença da ativista cubana Yoani Sánchez.
Aos gritos de "traidora", "Cuba sim, ianques não", os militantes tomaram o salão da Casa do Saber, um planetário cedido pela prefeitura para a exibição de Conexão CubaHonduras, do cineasta baiano Dado Galvão, que tem como uma das protagonistas a jornalista dissidente de Cuba, que desembarcou ontem no Brasil.
A chegada de Sánchez fez os ânimos se exaltarem e a blogueira teve de ser recolhida na sala de diretoria, enquanto o senador Eduardo Suplicy (PT) tentava uma negociação com os manifestantes.
O ex-vereador do PT Angel Almeida negociou a mudança do evento: de exibição de documentário a debate, com participação dos militantes.
A exibição frustrada foi o ápice de uma jornada até o momento tumultuada por protestos, que começaram na primeira escala de Sánchez, em Recife ela teve até o cabelo puxado , e seguiram em seu desembarque em Salvador.
Na Bahia, Yoani foi forçada a sair pelo desembarque de autoridades oficiais por conta de uma manifestação realizada por cerca de 20 simpatizantes do governo cubano. O grupo portava cartazes chamando a blogueira de "mercenária".
"Um protesto assim contra um convidado do governo cubano não duraria mais que dois minutos", comentou a blogueira de 37 anos. "Eu quero crer que são espontâneos, porque aí se encaixaria na ideia de democracia que esperava encontrar no Brasil", disse, já a caminho de Feira de Santana (a 100 km da capital baiana).
Os manifestantes, que não viram Yoani de perto, chamaram a cubana de "liderança fabricada", acusaram-na de ser "financiada pela CIA" (agência de inteligência dos Estados Unidos).
No final de semana, a revista Veja publicou que o embaixador de Cuba no Brasil, Carlos Zamora Rodrigues, se reuniu em 6 de fevereiro deste ano com militantes do PT e do PCdoB para realizar campanha difamatória contra a blogueira.